pedrojorge
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« em: Dezembro 03, 2007, 22:32:16 » |
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A plateia frutificada radicava uma simples trepadeira que estigmatizava o estrado. Contudo soçobrava o baixo convictamente. O baixo cujas séries de afluxos electrizavam o auditório. Não faz sentido. Não tinha. O caso de pele harmonioso melindrava os cabelos dos ouvintes atentos. Irremediavelmente sozinho rouquejava perante a multidão empilhada, prescrita nos assentos atinadamente. Fora do coliseu perseveram os centros comerciais lubricamente, pulmões luzidios, luminárias de estúdio projectadas para uma cidade imensa. Não faz sentido, não encaixa. Tragamo-los num bolso. Que apodreçam, que os vidros escurecidos se partam e deixem transparecer o repolho que é aquele lugar. Ou era. Cultivei isso há tanto tempo, agradável se cozido, melhor ainda se no meu estômago, de preferência sem insecticidas. A música acabou e o meu dinheiro da mesma maneira, foi-se com ela, depois de alguém ter cantado o preço do bilhete…
Deambulo agora só em Lisboa, por uma calçada qualquer, vestido de uma maneira qualquer, desviando-me de pessoas… caracterÃsticas. Rossio, Baixa do Chiado, de cabisbaixo, o mundo concentrava-se na descida, que avultava à mesma medida que os meus olhos se enquadravam numa acumulação de obscenidades que me saÃam entre os dentes, precisando de ser lavados isso sim. Porém naquele lugar nada mais podia alcançar que os edifÃcios desmedidos e a minha personalidade miniatura, o peso da minha mochila e uns tantos monumentos que por causa da minha audácia não me esforcei para os decorar. MagnÃfico, são 23 horas e todo o tempo que na minha escrita parecia passado agora é presente, agora, só agora, e repito este agora na tentativa de enganar o tempo, ou a fortaleza que podia ser a minha escrita. Amedronto-me, talvez seja extorquido, talvez esteja ali numa de consumir inospitamente oxigénio, de fugir à paranóia da perseguição, à procura da Terra-do-Nunca. Almas de mendigo que transmutou ao longo do ano para farrapo, brevemente é Natal e não tenho presentes para dar, sinto o frio infinito da rua, o bafo do Tejo, a poeira nocturna gélida, invisÃvel e utópica, isso sim, disse-o irrevogavelmente, pedia, pois era preferÃvel ao cúmulo de tecidos nauseabundos que se infiltrou ali e por ali vagueia, é o que dizem, eu defendo o contrário, no entanto encontro-me sem dinheiro e a contemplar uma pseudo-civilização num qualquer espelho de uma qualquer curva, juntamente a indivÃduos, especÃficos.
Portal do metro em breve, “nem penses no Hard-Rock Caféâ€, usa o passe, ou então o dinheiro catatónico.
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