por vezes ...

[Mel de Carvalho]

por vezes ainda choro
mas as lágrimas já não moram em meu olhar
nem me sulcam correntezas na pele do rosto
ou sequer descem despenhadeiros
do pescoço
     aos seios

agueiros
trombas de água …

nem tão pouco as palavras me queimam o céu-da-boca
incendiárias
por dizer

por vezes ainda tropeço
embriagada no som que nunca esqueço
que vibra diapasão em mim
e então um nó
um laço
(e)terno - efémero apenas o tempo -,
me assola da garganta ao peito
num arrepio de sangue, tal dengue, a luz e negro.
fundo
profundo…
      intenso
      imenso
relâmpagos varrendo o firmamento.

já não te vejo
a distância esbateu a tua imagem com um arco-íris
depois da chuva
o sol da vida
penetra
vislumbre, promessa, dum horizonte enorme e limpo.

por vezes
enrodilho a alma, zarpo, solto amarras
rumo a parte nenhuma
e tu ficas
aqui
nas linhas ocultas de um poema teu
    meu
    nosso
ou livre, tal como te concebi, voas alto, para além de ti,
colado ao dorso daquela gaivota …

por vezes…

[Goreti Dias]

Por vezes, o tempo ajuda a apagar as más recordações... outras não! Fiquem para sempre as boas!
Um beijo

[Marília]

por vezes chora

mas por todas as outras vezes

 vive a escrever tão lindo 

[Mel de Carvalho]

Por vezes, as palavras e os seus sentidos são intensos. Por vezes e sempre!
Um poema muito bonito!

Abraços Mel!

Dite, que bom encontrar-te nos meus textos. Beijo saudoso da Mel