O 25

[Elsa Caetano]

Gosto do som estanque do silêncio. Não há ronronar, nem chilrear quando se aquieta para me soltar. Juntos sentimos a paragem.
Prescinde do ruído da espera imiscuída de fumo que polui tantas despedidas. Renega a betoneira nervosa, cuspo de cimento e de pressa de seguir em frente.
É Morte momentânea. Último suspiro. Suspensão repentina do pulsar electrizante a percorrer o corpo metálico.
Do cerne de madeira, escorro como sangue expurgado, como lágrima de abandono pingando as escadas.
No eco dos passos, habito em passadas os futuros, quedo-me de novo no exíguo espaço e deslizo como a paisagem diante dos olhos, por novos trilhos.
E ele renasce. Revive. Velho. Desfibrilhado.
Regressa à sucessão de mortes desapercebidas. Ao slide entrecortado de vida, com as mãos gastas agarradas ao fio. Férreo. Térreo. De asas cortadas como um pássaro sem nome. Apenas um número. Um destino. Uma espécie em permanente extinção. Uma espécie de amarelo. Amarelo Eléctrico.

[Dionísio Dinis]

As memórias de uma cidade também se fixam no futuro com belos pedaços de prosa, como é este lídimo exemplar publicado aqui.
Bem-haja pela partilha, amiga Elsa.

[Goreti Dias]

Uma companhia do nosso quotidiano aqui descrita de forma poética e muito criativa. Parabéns pela qualidade do texto!
Beijo