Tere Tavares
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« em: Setembro 12, 2014, 19:09:26 » |
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Tarde s贸
鈥淯m cansa莽o de existir, de ser, s贸 de ser, o ser triste, brilhar ou sorrir...鈥 (Fernando Pessoa)
o meu pr贸ximo livro ter谩 a ilustra莽茫o ciosa das palavras, ter谩 capas laminadas de sil锚ncio, talvez um nome an么nimo, n茫o ter谩 ouvidos, porque para isso serve o sil锚ncio, o adjetivo ser谩 v茫o, porque desconhecido.
h谩 tanto por evanescer. eu nascerei ungida, h谩 tanto por n茫o dizer.... o som do piano almejar谩 o violino colhido em meus cabelos, a minha face dif铆cil, e todos os olhares de joelhos.
continuo afagando beija-flores, movedi莽a fronteira do ru铆do h谩 exist锚ncias para al茅m das paredes lastro em que me rendo, das redes fa莽o rendas prendas de olhares que desaparecem na luz da clave de um p谩ssaro da chave de uma nuvem
eterno sono das mentes finjo que acredito e poder谩 ser verdade o despertar que nasce das lentes da distin莽茫o, o rito do ser que fito em ondas ou ruas sonhadas no estio
s贸 disponho de junquilhos tendo nos p谩ssaros a conjuga莽茫o dos filhos no rio as casas da mem贸ria a f煤ria p谩lida dos dias
eu continuo dando voos aos beija-flores no pulsar da flora fora do abstrato do v谩cuo que nada define e no entanto replica, e 茅 in茅rcia e 茅 desv茫o e 茅 r茅plica sem ser fotografia 茅 redoma mas 茅 meu quadro triste por sentir o dil煤vio da alma, da vida onde as embarca莽玫es se eri莽aram um par de sutilezas f煤teis apesar da alegria do amanh茫 da alma estendida e muda e mar铆tima ... a dizer das odes sobre Deus
continuo dando gra莽a aos beija-flores porque tenho a frugalidade fecunda e lhes dou movimento e mais cores e mais tempo porque passo a ser um pomo e surfar nas nuvens
continuo sobretudo a par do mist茅rio que se desenrola sempre no agora, na gota de n茅ctar a penetrar-me o pequeno mundo onde sei n茫o ser poss铆vel voar para tr谩s porque sou, queria ser, um pouco as suas asas.
Poema do Livro "A linguagem dos p谩ssaros" By Tere Tavares - Editora Patu谩- 2014.
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