pedrojorge
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« em: Janeiro 05, 2008, 14:26:47 » |
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O Sol brilha bruscamente, o calor tira-me o folgo, um mundo infinito assombra à frente, estou no mar das forças. Procuro algo para me ajudar. Procuro as forças para este mundo, que nos ajudam no amor eterno. Ao longe estás tu, linda, a brilhar, o Sol sempre te deu o mesmo valor que antes. És tu amor, refulgente, os teus lábios açucarados, sacarinos, harmoniosos, deleitosos, suaves, que, ao primeiro contacto, já rugem a ferocidade das maravilhas que escondem, da menina perfeita, prudente, sensata, verdadeira, que ama o bem, e que tem forças para aguentar depois de os pais não terem sido muito ditosos e favoráveis. Na propÃcia do nosso mundo, um templo auspicioso, técnico, pormenorizado, onde o Sol está a um canto, as gotas de suor que escorrem no leito da barriga são sulcadas pelo tilintar dos músculos da nossa barriga quando sentimos um calor fogoso, impetuoso, esbraseado, um coração a dilatar desconcertado pelos impulsos do amor, de ver a tua face, de imaginar os nossos filhos, de sentir o enorme campo de trigo de sonhos que alimentará toda a nossa vida, de não te mentir, acima de tudo, de não mentir, um sonho pode ser uma ilusão, mas na verdade não o é, gera-se para criar analogias com o que sentimos, não é uma mentira, é a realidade distorcida, uma metáfora do que sentimos, porque não há outra forma de imaginarmos o quanto nos amamos senão por algo superior à realidade. Naquele campo de trigo eu corria para ti, tu cada vez mais longe, longÃnqua, afastada por uma muralha que parecia de ferro, constantemente mais forte, maior, imposta para nos afastar. Uma lágrima manchou a minha face, outra logo de seguida embateu no chão como um meteorito sobre a superfÃcie da Terra. Os meus membros desmanchavam-se sucessivamente, até restar de mim só a alma, porém, não interessava, amar-te-ia de alma, o corpo se o voltasse a ter, era apenas controlado por ela. De repente, o muro abateu-se, veio na minha direcção, não fugi sequer, não tinha nada a perder, não podias continuar sempre mais longe, teria de enfrentar as leis da fÃsica, do Universo, da raça humana, e corromper aquela enchente leguminosa, aterradora, desconcertante, que me arrancava a energia do meu seio. Num momento vi que nem em alma iria sobreviver a tal catástrofe, só que de seguida, num ápice, vi que nada me iria fazer ceder, por mais que sentisse a morte a arrastar-me para o outro lado, por mais que o céu não brilhasse, por mais que houvesse hecatombes enormes, que o diabo me quisesse mostrar que não havia mais que a mentira, que a humanidade não me desse uma vida além de desgostos, eu iria chegar até ti, nem que tivesse de ser punido para toda a eternidade e enclausurado numa cela sem gretas para respirar, nem que morresse pela segunda vez, nem que fosse queimado eternamente no Inferno, tinha de voltar a tocar-te, nem que apenas algumas moléculas oriundas de mim te sentissem e não voltassem para relatar à s restantes que eram quase todas, eu iria tocar-te e ficaria feliz, era memorável, o meu coração pertence-te, iria ficar nele para sempre a tua imagem, rodeada por milhares de plantas de trigo, infinitos feixes de luz, a tua roupa brilhante, branca, da pureza da tua virgindade, o céu azul, só nós os dois e o redemoinho que me esculpia para outro lado que não tu, mas eu, eu, decidi ir para Ti, nem que me custasse tudo de novo, todo o sofrimento, sempre teria uma recordação do momento mais feliz, mais gracioso, mais reluzente, mais espectral, fantástico, tudo, tudo, tudo, naquela natureza genuÃna, formosa, contigo a realçar infinitamente tudo… iria beijar-te, nem que deixasse só um rasto de moléculas que com a minha tentativa de o fazer e ao ser sugado para trás tivessem empoeirado na tua direcção como borboletas que tentam encontrar a beleza de uma planta inconcebÃvel e exclusivamente delicadas… uma planta que floriu e se tornou a mais melodiosa e bela em tudo o que existe: Tu!
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