Ler-te

[Mel de Carvalho]

Ler-te
soletrando o ar que nos respira em desalento,
ler-te assim:
devagar, pausada e lentamente,
no sangue a latejar descontrolado sob as veias.

Ler-te
na saliva incendiada em boca ardente p’la palavra,
na fome emancipada de nós, lobos vorazes d’alcateias,
ou ainda, na leveza suave de sermos peixes escarlates
ocultados p’la pureza de tanques cristalinos …

Ler-te, amando, num amor para além d’infinito,
letra a letra, bago a bago, 
em ternuras pueris, de carícias, de delícias, d’afagos,
e sucumbir virgem de ti
num avolumar sistémico de chuvas em Grandes Lagos…

Ler-te de novo e outra vez,
bebendo de ti o sonho desmedido,
o desejo inconfessado, incontrolado,
na fúria de te ter
de te acolher sobre o meu corpo de mulher.

Beijar cada sílaba desenhada em teu olhar,
cada palavra,
cada vogal aberta,
cada metáfora,
cada memória do resta duma fictícia história,
beijar como quem sorve da vida todo o ar,
e fecha os olhos, encerra cílios e pestanas
e desliza realizada, agradecida, num derradeiro suspiro.

[Vera Silva]

Mel, adorei o poema. Penso que é mesmo um dos mais belos que já alguma vez li. Quase que o poderia assinar e neste momento dedicar-to!

Um beijo enorme, agradecida pela tua partilha e suspirando

[Goreti Dias]

Ler as metáforas como se de carícias se tratasse... ler este poema como um grito de angústia pelo que não existe...
Belíssimo!
Bjs

[Mel de Carvalho]

Mel, adorei o poema. Penso que é mesmo um dos mais belos que já alguma vez li. Quase que o poderia assinar e neste momento dedicar-to!

Um beijo enorme, agradecida pela tua partilha e suspirando

Minha boa amiga,
a magia da poesia está em que não sejamos nós a lê-la, mas ela a nos ler (como diz o poeta ...).

Um beijo gratíssimo pelas tuas palavras
Mel

[Luis F]

É de facto um lindo poema, transcreve exactamente as sensações sentidas, quando leio os teus poemas...

Parabens amiga

[Mel de Carvalho]

Ler as metáforas como se de carícias se tratasse... ler este poema como um grito de angústia pelo que não existe...
Belíssimo!
Bjs

Goreti, minha amiga ... este sujeito poético a que dei voz, está "afónico"... já nem grita ...

Beijo enorme!
Mel

[Manuela Fonseca]

Ler-te é isto...

Um poema gritante onde as palavras deslizam, uma a uma, nas lágrimas contidas de cada história feita nossa.

Grande beijo!