Araci
Contribuinte Junior
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Ainda não sei o que sou, mas sei quem eu sou
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« em: Junho 18, 2010, 02:56:09 » |
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Estava sol, as árvores rodeavam-me. Saia de ganga, top preto, cabelo curto, pele branca,cabelos ao vento,sentada no topo do mundo a olhar para o chão,à espera de cair.
Naqueles tempos ,enfeitei o quarto em tons de vermelho, entrei em crises de existência, andava nos andares de cima, a cheirar os charros que por lá se fumavam, no limite do psiquismo, sem saber na verdade quem era eu. A conhecer outro corpo,pela primeira vez, ao som de reggae, ressaca, dores de cabeça, e incenso no ar.
Chorei toda a noite por estar sozinha. E no dia seguinte ,fui para esse jardim ,ficar perto do precipÃcio , a pele a esturrar com o primeiro sol de Junho a vir. Agora ia para fechar os olhos e isso tudo não me deixava dormir. Depois,são outras coisas também... São viagens estranhas,é o Porto...sou eu e ele
Estava noutra cidade, e fugi para a Invicta a meio da noite. Tudo movida pelo irracional desejo de estar com ele. Irracional , completamente louco. E cheguei, esperei na baixa, em frente á estatua, sozinha, uma da manhã,com o perigo à espreita... Ele chegou e levou-me dali, fazia tempo que já não o via. Fomos a correr pela noite dentro, ele sempre interceiro, mas eu ainda mais. Pousou em frente ao portão da minha morada.Eu estava bêbada, muito bêbada aliás. Tempos de alcoolemia excessiva.
Independência tem as suas fases, não é nenhum mar de rosas. Há solidão, e estas crises existenciais que me deixam louca. Hoje acordei a chamar por ti, de nada me vale eu sei. Talvez sejas uma constante no meio da minha depressão, no meio de tudo isto. Sempre te vejo, e nem é nos sonhos, mas sim durante o dia, enquanto caminho, é nas ruas, quando olho para uma cara e vejo a tua, é durante o almoço,no jantar, e nas aulas.
São alucinações puras de quem não sabe quem é. Estou sem chão, sem tecto, e sem paredes. Sinto-me a flutuar no espaço somente. Como há um ano atrás, em que o incenso enchia o ar e eu adormecia deitada numa cama desconhecida. Estou diante daquele precipÃcio onde me sentei, com o incenso no nariz, a Eleonor Rigby nos ouvidos e contigo no coração.
Vou cair, estou a cair, foi um lapso momentâneo, não queria, mas escorreguei, peço desculpa aos que me amam.
Fecho os olhos, e como nos filmes, toda a minha vida aparece me em segundos nas minhas retinas. Os cheiros, as amizades,o meu irmão, as musica que ouvi, os vários incensos, sa viagem que fiz, e as que ficaram pelo caminho, o abraço da minha mãe, o riso doido da Lolita…
Senti uma tremedeira nas pernas, como se alguém me puxasse. Estava a cair sim… Acordei depois. Ainda no mesmo quarto, o incenso encontrava-se por arder. As cortinas vermelhas por colocar, a caixa dos fósforos por estrear,e no andar de cima o silencio. Recuei no tempo, ou nada daquilo jamais aconteceu?
Mais outra (ir)realidade!
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