Florestas Negras

[Alexa Wolf]

Florestas Negras

Existem dias em que se amanhece estranho, sem conhecer exactamente o caminho a percorrer nesse espaço de tempo a que chamam de dia, dia que dizem os mentirosos ter 24 horas.
A luz que irradia durante o primeiro e segundo período, cega-nos o olhar, não aquece o peito e arrefece-nos a alma, a aura, a essência que levámos tanto tempo a pacificar.
É um sentir raiar a fúria, a cólera, o ódio e tudo o que exalta negrume, ambientes sombrios, obscuros onde quase toda a humanidade foge de entrar como o Demo foge de tocar dois ramos cruzados.
É a batalha sanguinária da razão, questionando o mundo que se rodeia, a existência, o pensamento, os sentidos e todos os elementos interiores e naturais.
Quero correr sem destino pelas florestas negras que invadiram a mente, a sanidade, a seiva que me corrói as entranhas, me cala a voz silenciosamente gritante e me sufoca com uma pena singelamente nua.

Alexa Wolf

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Fabuloso!

Beijos, Alexa.

[Alexa Wolf]

Florestas Negras

Existem dias em que se amanhece estranho, sem conhecer exactamente o caminho a percorrer nesse espaço de tempo a que chamam de dia, dia que dizem os mentirosos ter 24 horas.
A luz que irradia durante o primeiro e segundo período, cega-nos o olhar, não aquece o peito e arrefece-nos a alma, a aura, a essência que levámos tanto tempo a pacificar.
É um sentir raiar a fúria, a cólera, o ódio e tudo o que exalta negrume, ambientes sombrios, obscuros onde quase toda a humanidade foge de entrar como o Demo foge de tocar dois ramos cruzados.
É a batalha sanguinária da razão, questionando o mundo que se rodeia, a existência, o pensamento, os sentidos e todos os elementos interiores e naturais.
Quero correr sem destino pelas florestas negras que invadiram a mente, a sanidade, a seiva que me corrói as entranhas, me cala a voz silenciosamente gritante e me sufoca com uma pena singelamente nua.

Quero rasgar a putrefacção imposta pelo falso “BEM”, pela face oculta, cavernosa do correcto que anda na boca do mundo, vestida de teias venenosamente enganadoras e alucinogénias.
Vou morder a incandescente lava que me gela a liberdade acorrentada e violentada por uma linha aparentemente doirada escondendo os grilhões tortuosos a que chamam vida comum.
Soltarei gargalhadas tenebrosas em comunhão com os trovões incendiários que tatuam a noite mais sóbria e bela, onde as almas se perdem no labirinto do infinito.
Quero penetrar o sentimento que me afoga o flutuar da frágil sobrevivência e finalmente, trespassar sem dó nem piedade a verdade insinuosamente pestilenta trajada de larvas vermes harmoniosos e sarnentos.
Quero maquiavelicamente despir-me da pomba lamacenta e lodosa mascarada da imaculada pureza branca, imaginada, imposta, ditada por mentecaptos intelectuais.
Chegarei então ao fim como partícula, insignificante e invisível mas seguramente livre de qualquer mundo vivamente enganados, regressando à essência da leveza do meu eu interior.
Magicamente… retornarei à simplicidade e inocência da minha semente genuína!



Alexa Wolf

( Obrigado amigo Oswaldo, sempre atento...)

[Goreti Dias]

Uma escrita bem organizada, plena de sentidos. A deixar no ar, a necessidade de refletir.

[Dionísio Dinis]

Forte, directa e assertiva.Um belo momento de prosa!

[Goreti Dias]

Vale uma releitura!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Com certeza, vale sim a releitura.