Pequena, não mais que 1.50 m de altura,pele branca,cabelos pretos e olhos doces eram detalhes do seu corpo que a tornavam encantadora.
Nao era nenhum astro de cinema ou uma intelectual snob.Trabalhava num pequeno museu numa pacata vila inglesa.
Costumava vestir sais compridas e camisolas de gola alta em dias de mais frio,e colocava um gorro na cabeça,como uma francesa.Quando estava de bom humor soltava os cabelos que brilhavam na frieza das manhas de inverno.
A meio da manha atravessava a rua,para na loja ao lado da minha,comprar o Times e um capuccino quente num copo de plastico pronto a levar,e quando ela o abria o fumo espalhava-se pela rua enquanto ela ficava a cantarolar uma melodia qualquer .
Costumava observa-la,cada pequeno detalhe dela e da sua rotina;quando ela ficava no jardim do museu,esperando que o capuccino arrefece-se um pouco,e as pequenas goladas de ela ia dando,o sorriso com que permanecia,como que distante a pensar em algo e a mexer os pés fazendo um pequena dança para si mesma.
A porta do museu era azul escura,com riscas brancas verticais nas margens,e o jardim tinha flores lilases e amarelas,mesmo em frente da minha livraria.
Era impossivel resistir.Todas as manhas,passava a mão na janela para tirar o orvalho,e poder ve-la,discretamente nessa doçura de rotina.
Numa dessas manhas ela entrou e disse-me bom dia,e o perfume inundou a minha pequena livraria.
Queria um romance,uma historia qualquer para poder ler nos seus serões,algo que a não deixasse sentir sozinha,ao chegar da noite.
Imaginava-a no seu sofá,ao ler os meus livros,ao som de uma boa musica com um copo de vinho na mesinha de sala e as chamas da fogueira a criptarem no ar.
Não sei se Danielle tinha alguém,claro que a imaginava sozinha,intocavel, na sala,de pijama,com os seus cabelos soltos,e que adormecia ternamente numa noite calma algures na nossa vila.
A intensidade para a ter , proteger e amar era tãnta,o desejo de a ter sempre ao meu lado era de tal maneira enorme que não conseguia ter noites sossegadas com ela longe de mim.
Passei anos a ver Danielle de longe,a ve-la iniciar o seu primeiro namoro sob o tejadilho do museu das portas azuis,a cheirar as rosas que ele lhe mandava,a ver a sua Susanne crescer dentro dela e a vê-la transformar na mãe mais carinhosa do mundo.Vi-a também a deixar saudade de todos os colegas do museu e de muita gente daquela vila,quando Susanne se mudou para um meio urbano maior.
Cada vez que vejo alguém segurar um capuccino numa manha fria,logo me vem à memoria a imagem de Danielle,de saia comprida,sorrindo e com os seus longos cabelos pretos a voarem numa manha fria e o fumo do café e o seu perfume a se dissiparem pelos ceus daquela vila inglesa.
Por favor,ler ao som de
http://www.youtube.com/v/3NreqmXr3aQ&rel=1