CARTA ABERTA AO 1º MINISTRO DE PORTUGAL

Sua Exa. Dá-me licença que o trate apenas por Sócrates? Sabe? Sou um tanto avessa a mordomias e já que ostenta no seu digno nome um sobrenome de um filósofo que admiro, sento-me (se me permite…) na familiaridade das palavras menos convencionais, porque em tempo Natalício há que pôr em prática a velha teoria que perante Deus somos todos iguais. Embora uns sejam mais iguais do que outros… se me permite esta ressalva.
O meu caro Sócrates imagina o quanto ando decepcionada com a política? No quanto me sinto ultrajada por ter acreditado nas suas promessas eleitorais?
“Ui… xé, minino”…
- como diriam os meus velhos amigos Angolanos. Tanto… que estou a pensar seriamente em mandar construir uma catedral, onde todos os desiludidos da Nação possam contribuir com um tijolo, para que a ergamos orgulhosamente com a nossa solidariedade (como sempre…) e depois possamos em cânticos e orações pedir perdão ao Senhor Deus, pelas autênticas barbaridades que alguns políticos vão cometendo. A começar pelo Maestro da Ignorância que se acha dono do mundo e que é CAPATAZ do mundo inteiro.
Ah, pois… é, Sócrates, pois é… que isto de vivermos de promessa jamais cumpridas já é motivo para que as crianças se rebelem nas escolas, em manifestações oportunas contra a má política seguida na educação. A propósito, o que tem contra os professores, Sócrates? É que tanta teimosia chega a ser obsessivo e confrangedor!
- Com todo o respeito…!
- Com todo o respeito, digo eu… para acrescentar que o nariz dos políticos deveria crescer 10 cms, como o do Pinóquio, sempre que mentem ou nos impingem demagogia e promessas eleitorais que sabem antecipadamente nunca poderão cumprir.
É que assim… com os Kms e Kms de mentiras que nos oferecem em bandejas de prata falseada, poderíamos construir auto estradas com esse “narigal disforme” sem o dinheiro dos contribuintes.
Talvez assim se cumprisse a promessa de novos hospitais. De novas escolas. Talvez assim desse prioridade à saúde, principalmente às desigualdades sociais que se agudizam a cada dia que passa. Lembra-se de nos ter prometido baixar o desemprego?
- SE ME DÁ LICENÇA…
- Não me interrompa, Sócrates! Não lhe dou licença nenhuma! A única licença que lhe dou é para cumprir o que nos prometeu e exemplificar na pratica o que raio é isso do socialismo e da solidariedade…! Serão palavras ocas no seu digníssimo, conceito modernista?
Ouça mais vezes os seus concidadãos. Tenho voz, todos nós temos... embora não nos ouça.
Somos como o vento, percebe?

Sinta-me nas palavras, porque até um grão de areia por mais insignificante que seja, faz parte do sistema. Somos um todo, Sócrates. Sei que é difícil lembrar esses pequenos pormenores mas é uma realidade indubitável.
BOM ANO PARA SI E PARA O POVO QUE SOMOS… !

Vóny Ferreira