Efemeridade

[Ana Oliveira]

Não me peças um tempo vazio de mim
Porque teimas em te asilar
Não me vires as costas da displicência!
Que obcecação em te distanciar!

Porque aferrolhas o acesso ao teu mundo?
Que segredos escondes de derrotas e glória
E que não podes partilhar?
Que sótãos te envolvem construídos na memória!
Que caves obscuras te acolhem
E onde me impedes de entrar?

Não me implores um tempo despojado de sentires!
Porque enlouqueço no meu próprio casulo
Prisioneira de mim e de qual imposta norma!
De que outro talhe se exerce a liberdade?
Senão obedecendo a uma consciência autónoma!
Mesmo que me leve ao hospício
Mantenho-me recta e em dever
Mas cumpri-lo é um destempero e suplício!

Estou cansada de amar quem não quer ser amado!
Esgotada de correr atrás de quem se esquiva ao destino
Desalentada com outros orbes enigmáticos de fatuidade
Desanimada com marasmo e egotismo
Que não o meu universo de diafaneidade!

[Alice Duarte]

Quão difíeis são, por vezes, os matizes do amor!

Gostei da construção do poema e do sentimento que emana. Continuarei a lê-la, decerto.

Um abraço

[Goreti Dias]

Cansada e esgotada de correr, o sujeito poético parece prestes a desistir.
Uma boa poesia de reflexão séria.

[marcopintoc]

Um poema sobre a desilusão construido com mestria e um excelente dominio da linguagem.Gostei
Abraço
Marco

[carlossoares]

Gostei deste poema em que leio uma síntese elaborada e racionalizada das frustrações e das angústias de uma relação afectiva problemática exausta, ameaçada pela inviabilidade.
Abraço.

[Laura]

O que pode levar alguém a não querer ser amado? Medos, raiva infinita, ou simplesmente desconhecer o que isso é... Por vezes, o melhor mesmo, é largar. Há abismos que convém não conhecer.

Tenho lido as suas coisas, Ana e também estou a gostar muito.