O CAMINHADOR

[CAMPISTA CABRAL]

  Arrasta o pé na areia o caminhador e semeia o vento e o tempo e o seu corpo cansado arrasta desejos mas escuro já o dia a noite e o pé na areia arrasta a vida e a memória e arrasta e arrasta e se arrasta até não sobrar mais nada de si porque no caminhar o que se faz quando o caminho existe é seguir e marcar o chão com os pés e o suor e as lágrimas e a dor e a essência de ser alguém que caminha e faz o caminho em que caminha mas sabe das pedras e dos cortes e do tempo do caminho e descobre mulheres e crianças e bichos sem fim mas sabe como é não é? O senhor tá machucado? Tá não? Segue meu filho! É a sina! E a sina se escreve e se circunscreve em mar de areia onde naus ainda sonham com um porto e a bandeira tremula ligeira e os pés vermelhos avançam e avançam mais porque não há jeito. O jeito é a gente caminhar seu moço! A vida é assim! Fosse noutro tempo, fosse noutro lugar! O que se há de fazer? Caminhar e caminhar e caminhar e pedras socar e mastigar e esfregar e seguir mas olhar o caminho cada vez maior e denso e pesado e inteiro nas costas e na cabeça e nos ombros. Aflige não moço, sossegue o corpo. Caminhar é o jeito! Caminhar é a sina! A sina assim assina o homem que caminha e segue sem palavras no imenso horizonte de poeira e nada...

[Goreti Dias]

E escrever é o jeito!
Muito boa esta sua escrita!

[Vanda Paz]

Excelente

Beijo amigo Campista

[CAMPISTA CABRAL]

Goreti,
Vanda,

a mim fica o entusiasmo de continuar a escrever... Agradeço cada leitura e cada comentário. Escrever é mais que ofício, escrever é sonho, encontrar-se e desencontrar-se continuamente...

Um grande abraço para ambas!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Lendo e caminhando sem cessar...

[CAMPISTA CABRAL]

Obrigado amigo!