Vitória79
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O sonho
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« em: Abril 22, 2009, 17:59:46 » |
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Uma carta para alguém - 1º Momento Se desejas que o tempo passe por ti à velocidade com que a luz nos surpreende, senta-te e não faças nada! Envolve-te mais uma vez nos momentos inacabados, resolve os males que te atormentam e não descures do que aprendeste no passado. De que serve criares situações novas, que sempre te deixam ansioso porque desconheces o desfecho, se tens tanto para fazer com o passado que ainda te espreita? Pergunto-te isto, porque os humanos sempre preferem fugir ao invés de enfrentar o real valor dos desejos. O mal e o bem, essa conversa “cliché†que tantos ousam trazer mais uma vez, correm de mãos entrelaçadas. Que o diga eu, que como tantas outras, não deslindo muitas vezes o que está certo ou errado!
Mas escrevo-te por tantos outros motivos…
A direcção que escolhi, ou que me foi imposta pelo meu raciocÃnio mais lógico, foi a de seguir sempre perdoando. Não me esqueço do que vivi, mas vivo melhor se for caminhando. Dou passos acelerados no sentido ascendente, como quem sobe um monte inclinado, sempre ingerindo ansiosamente mais ar, almejando chegar ao pico! ImpossÃvel! De cada vez que atinjo um patamar, outra montanha mais alta se sucede testando a minha resistência. Os montes e vales perseguem-me. E a verdade é que nunca estou só: o cheiro da terra e das flores, o vento cortante, a ousadia da corrente dos rios e o canto dos pássaros, trilham o caminho ao meu lado.
Mas escrevo-te por tantos outros motivos…
2º Momento Dei por mim a observar, atenta e impaciente, um gato. Incorria na indecisão de me levantar do degrau da escada onde repousava aquecida pelo Sol para brincar ao mesmo jogo. Eu fazia de vento, que levava e trazia uma folha seca, e ele fazia de gato, que corria, trapalhão, na direcção do brinquedo. Interessante este jogo. Na verdade ele não precisava de mim, tinha o vento! Resolvi então, não me intrometer entre os dois e deixei-me ficar. Quando dei por mim tinha perdido uma grande parte da brincadeira, estava antes a pensar em como seria o resto do meu dia. Se bem me lembro fazia planos para não fazer nada! É tão bom estar livre por alguns momentos, não ter nada que nos preocupe, não ter compromissos… Eu estava assim nesse dia,
Despreocupada!
E a verdade é que não fiz nada, vagueei pelos meus pensamentos, jogando jogos com o meu gato apenas na minha imaginação. Não sou louca, sou antes criativa e um tanto de preguiçosa! Isto tudo para te dizer que entendo bem a tua inércia temporária! Não entendo, contudo, a tua falta de habilidade na gestão dos teus anseios.
Mas escrevo-te por tantos outros motivos…
Aconselho-te a pedir tréguas ao teu eterno rival. Se tu te clamas, a Razão, o outro ocupa-se das emoções, e essas, tu não controlas com a mesma mestria. O dilema é sempre o mesmo no que diz respeito à importância dos dois conceitos… a Razão ou a Emoção? Tenta não eleger o que te veste melhor, mas o que julgas ser mais importante! Estar na moda é proveitoso se tiveres em conta a tua figura mas também a imagem que ambicionas dar. O ideal seria que trajássemos um pouco dos dois, como um fato feito por medida!
Mas escrevo-te por tantos outros motivos…
Desembaracei-me, finalmente, do que já não me serve. Tu! Estendi o meu corpo nas almofadas dispersas pelo chão e esvaziei uma caixa de recordações pensando na alegria de estar de novo livre. De olhos entreabertos foquei as fotografias, criteriosamente dispostas na parede rosada. Apesar de estares lá, (eu sei que estás porque fui eu quem as colocou) eu já não te via. Aquele pedaço de parede vai ser sempre teu, apenas tomaste outra forma, a de uma recordação.
Mas escrevo-te por tantos outros motivos…
3º e Último Momento Dei meia volta rasgando o ar. Depressa senti a minha respiração cortada pelo entusiasmo. Surpreendi-me com a cópia que o espelho dourado reflecte quando me aproximo. Cheguei mais perto para ver me melhor! Era eu, de facto, muito mais do que arquitectava! Eu era todo o meu mundo, era, naquele momento, o melhor que podia ser. Orgulhosa estava de mim por ter crescido sempre a sonhar e por saber viver os meus sonhos, mesmo que me tragam decepções, mesmo que me tragam (nem que seja uma vez) gáudio. Deixo-te por fim, com o que me devias ter pedido no primeiro dia, a minha composição: · 30% de impulsos, · 20% de emoções, · 20% de razão, · 15% de ponderação, · 5% de incertezas, · 5% de ilusões e · 5% de “requintes de malvadez".
Talvez nos possamos encontrar, um dia, a meio do caminho!
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