Guacira
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« em: Março 02, 2008, 20:23:57 » |
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Outro dos sublimes e constrangedores momentos pelos quais passei como mãe, refere-se a um fato ocorrido quando minha filha, Renata, tinha uns cinco aninhos. Ela, meu ex-marido e eu, fomos à missa das 18 horas do domingo, na Igreja da Piedade. Chegamos cedo para encontrar lugar onde sentar, o que talvez tenha sido um erro, pois as pessoas demoravam a chegar... O tempo parecia não passar... E ela começou a dar mostras de irritação, devido ao calor, o perfume das flores e das pessoas; enfim, todo o ambiente. Nessas ocasiões, como toda experiente mãe, levava sua boneca preferida, para distraÃ-la numa emergência, o que, naquele dia, não fez muito efeito ; pelo menos aquele que eu esperava... A situação estava me levando ao desespero quando, finalmente, o padre apareceu, dando inÃcio à tão esperada missa. A situação não corria segundo minhas ingênuas expectativas; eu rezava mais, pra tudo terminar do que por ver minhas demandas ouvidas pelo Pai, por causa do cansaço que Renata já dava mostras de estar sentindo. O pai dela, que sempre teve pouca paciência, me culpava pela infeliz idéia de ter levado “a menina para exibir num local tão pouco apropriado para criança pequenaâ€, o que não era absolutamente verdadeiro; que absurdo!! Mas, enfim, se levantou e foi comprar um saquinho de pipoca, conseguindo o intento de distraÃ-la por algum tempo. Porém, essa paz não durou muito e Renata logo começou a choramingar outra vez, impaciente, a se coçar toda por causa do calor e tentando arrancar o lindo vestido com o qual a vestira. Tentei enganá-la chamando sua atenção para a desprezada boneca; grande erro! Ela parou, passou a mãozinha nos olhos para enxugar as copiosas lágrimas que derramara, levantou a roupinha da pobre e, numa altura que me pareceu maior do que realmente deve ter sido, falou: olha mamãe, a calcinha dela é igual à sua!...Não é, mamãe, igual à sua? Eu torci para que o chão se abrisse sob meus pés e me engolisse, ao perceber os disfarçados risinhos das pessoas mais próximas... E o pior, é que quanto mais eu arrumava a roupa da boneca, mais Renata ria esquecendo seu tormento anterior e, percebendo meu constrangimento, repetia insistentemente: não é mamãe, igual à sua calcinha? Olha mamãe, olha!...
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