Moon_T
Novo por cá
Offline
Sexo:
Mensagens: 39 Convidados: 0
|
|
« em: Fevereiro 12, 2010, 19:51:37 » |
|
Por entre o Caos, um rasgo de silêncio chamou. Desviando-se das cartas espalhadas pelo chão acidentado que fora outrora um castelo, cambaleou em busca da fonte daquela brisa que, em silêncio, gritava seu nome. Atravessou a ponte, ganhando consciência dos olhos répteis que o fixavam de esguelha escondidos nas folhas verdes escurecidas pela noite. Uma chuva de prata iluminava a Torre que emanava ondas invisÃveis de silêncio, que ao tocar na pele, lhe aqueciam o peito e lhe permitiam respirar como nunca antes o tinha feito. Em baixo, à entrada, uma porta dupla que, até a um gigante, mais faz sentir um insecto, obstruÃa-lhe a passagem. Baixou a cabeça ao ver impedido o acesso ao interior daquela Torre que tanto o fascinava e atraÃa. Ao encostar-se em desespero, qual não foi o espanto que aquela imensa porta estava aberta… Abriu-a lentamente e, suavemente, ouviu-se o gemido sussurrado que era o seu ranger. O cheiro a sândalo descia pela escadaria em caracol. Iniciou a subida em espiral sem sequer dar importância ao facto de não haver corrimão. Passou as mãos trémulas pela pedra fria que vestia as paredes e sentiu a sua textura rugosa, porosa, como pele. À medida que o topo se aproximava, a melodia envolveu-o aquecendo-lhe o peito … e as cartas e baralhos e castelos que dantes o assombravam perderam o significado. Não desapareceram, não! Simplesmente, ganharam outro valor. Ao chegar ao cume, deparou-se com um ninho escarlate, macio e suave. Puro. No seu centro jazia uma criatura linda e frágil. Nua e feminina. Em posição fetal, notavam-se as cicatrizes de lutas passadas tatuadas na pele suave. Cabelos escuros, lisos, serpenteavam-se pelos ombros. Seus olhos negros, abriram-se lentamente e olharam-no nos olhos, como se tivessem captado a mesma essência que ele mesmo captara ao deparar-se com tal etéreo anjo. Ao segundo olhar tomou consciência de que era realmente um anjo… um anjo que perdera as asas.
|