Parei. Sem saber bem o porquê. Ali fiquei. Imóvel. A sua beleza era encantadora e cativante. Há muito que nada me prendia o olhar desta maneira. Sentei-me, junto dela. Limitei-me a observá-la, a admirar tamanha beleza. O tempo escasseava e tive de ir embora, mas como havia prometido, voltei lá no dia seguinte. E no outro. E no outro... Ao fim de uma semana de visitas diárias quis admirá-la ainda mais tempo. Não sei bem porquê mas estava mais difícil do que em qualquer outro dia anterior sair dali. O dia caia e a lua brilhante tornava-a ainda mais especial e bonita. Queria parar o tempo para que pudesse ficar ali, até gastar tamanha beleza. Meus olhos nem piscavam, com medo de, quando voltasse a abri-los, tudo tivesse desaparecido e não tivesse passado de um sonho. Infelizmente, não podia ficar para sempre ali. Levantei-me e quando estava para ir embora, sempre a olhá-la, ouvi uma voz que me disse "Não me deixes outra vez aqui assim...sozinha. Preciso de ti para encantar! Quando te vais embora perco a cor, parte da minha vida...Preciso de estar contigo para que continue a ter este encanto que te cativou!". Fiquei sem saber se devia virar costas e voltar lá mais um dia ou se, desta vez, a levaria comigo. Algo em mim me dizia que devia continuar com as visitas diárias e com a admiração que tinha pois, ao levá-la comigo, podia estar a matá-la aos poucos e aí perdia eu a sua beleza e companhia e ela também perderia quem a admirasse e perdia a sua vida! Mas por outro lado, tê-la do meu lado a toda a hora, seria tão bom.... Decidi arancá-la...levá-la comigo e retribuir todo o encanto com que me presenteava. Os dias foram passando e cada vez a admirava mais e acreditava que tinha feito a escolha certa. Porém, chegou um dia em que ela se encontrava mais triste, menos viva e bela do que o habitual. Alimentei-a...sorri para ela. Mas pareceu em vão. A medo soltou um brilho e ganhou um pco mais de vida. Fiquei feliz por estar a conseguir, pois temi estar a perdê-la. No dia seguinte...mais triste ainda...ainda menos viva...mais frágil. Juntei algumas das minhas escassas forças para a recuperar mas parecia em vão, pois a cada segundo só me perguntava se trazê-la comigo teria sido mesmo a melhor decisão, ou se, tal como pensara, a estaria a matar aos poucos. Uma lágrima correu o meu rosto caindo sobre ela...e brilhou um pouco, quase como o brilho dela quando a lua nela se reflectia.
Passaram-se mais uns dias e ela voltou a ficar bela, encantadora...com a sua força e a minha, JUNTAS, conseguimos voltar a fazê-la brilhar, viver e sorrir! Passam os dias e tê-la do meu lado é das melhores coisas que existe... Pode ter sido um erro trazê-la comigo, pode ter sido a melhor decisão...mas o certo é que, com ela, voltei a sorrir, voltei a encontrar-me, voltei a aprender!
Se a tivesse deixado ficar e apenas a fosse visitar diariamente, certamente não haveria certos momentos em que a vejo triste, desanimada....mas será que isso não seria pior?! Será que assim ela não se sentiria sozinha e infeliz mesmo que na minha presença parecesse feliz?! Trazendo-a comigo sinto-me como não me sentia há muito tempo...com ela sorrio, com ela aprendo, com ela vivo intensamente cada dia. É certo que por vezes a encontro desanimada, fragilizada...mas assim, com ela do meu lado, posso ajudá-la, posso mostrar-lhe que estou sempre do seu lado e que pode contar comigo. Se a tivesse deixado ela sofreria , em silêncio, sem saber que há quem a conheça, quem a compreenda, quem a ame! Ou estarei errada?! Quanto a mim, posso dizer que, se foi um erro, algo aprenderei com ele mas, enquanto me parecer a escolha acertada, quero alimentar e admirar esta paixão e por de lado o medo que tinha de me apaixonar, pois estou feliz assim! Quanto à paixão que trouxe comigo em vez de a deixar sossegada onde estava, só ela sabe e pode dizer se está melhor assim ou estava melhor no início.