TRANSPARÊNCIA... (Carta de amor nº 5)

[Vóny Ferreira]

Vou desenhar-te na parede branca do meu quarto com a luminescência estrábica dos meus olhos cerrados, a chorar sorrisos cálidos enquanto pirilampos sobrevoam as minhas pálpebras reféns da escuridão.
Nesse ziguezaguear trémulo, talvez finalmente endireite nas frias paredes as saudades terríveis que tenho de ti.
Vou desligar a inacessibilidade das horas que te escondem, onde te invento em regressos forjados. Nesses longuíssimos minutos que se repetem e não se cansam do retinir cadenciado do relógio que teima em sorrir as tuas ausências, cinicamente da mesinha de cabeceira.
Será que me choram ausências ou sorriem permanências fictícias?
Céus… já não sei, se o que sei é parte do que não sei! Que brutalidade! Na verdade já não sei se te vou promovendo em formulários acidentados, numa ânsia desmedida de minimizar a febril necessidade de te ver…
de te encontrar!
- Entre mim e ti, há uma ponte feitas de fios de seda a atravessar penhascos e abismos.
Há silêncios sórdidos e zumbidos a entoar cânticos de vespas que se julgam ainda águias renascidas.
Mas que importa?
Que importa te esculpo na alma, com as minhas mãos enregeladas?
Se te transformo em pétalas de rosa que se soltam dos meus pensamentos a raspar a fria
parede onde perduram esses sonhos?
Se te prendo aos meus olhos com as algemas desta paixão, que te chama amor entre um sim e um não?

Sabes?
Preciso que me deixes acordar. Só depois serei capaz de atravessar com os meus olhos nus essa granítica transparência

(VÓNY FERREIRA)

[luadepedra]

Vóny,

de uma forma absolutamente genial, desenhas os teus pensamentos no poema. Fico com a ideia de que estas cartas de amor revestem-se de uma belíssima transparência.

1 Bj*
Luísa

[josé antonio]

Olá Vóny,

Prosa poética do período "Vintage" da Vóny Ferreira...
Nem mais. Disse.
Abraço amigo.
JA

[Vóny Ferreira]

Luísa, gosto de cartas de amor,
minha querida. talvez por isso insista
em escrevê-las.
Perguntei por ti no encontro da EscritArtes.
Gostava de te terconhecido, pela admiração que nutro
pelo o que escreves. Fica para a próxima, prometes?

José António.
Se falou, está dito.
E para mim receber a sua opinião é com toda a certeza
uma honra.
Obrigada.
Abraço grande para ambos!
Vóny Ferreira

[Goreti Dias]

Gosto destas cartas com transparências! Lindíssima!
Beijo

[Vóny Ferreira]

Obrigada Goreti,
pela transparência do
teu comentário.
Um beijo
Vóny Ferreira

[Goreti Dias]

É sempre um prazer ler-te!
Bj

[gdec2001]

Uma carta bela e profunda que faria estremecer qualquer homem.
Mas, lá quase no fim, não será :
" Que importa se te esculpo na alma ,..."
Ou não ?
Geraldes de Carvalho

[helenacosta]

 Vóny,

 Tenho muita admiração pelo que escreves. Gosto de ler teus poemas, mas esta carta de amor encantou-me.!

 Beijos

 Helena

[António Lóio]

Vóny

Bela prosa magnificamente adornada de belas imagens a reter
Bj
Tom

[Vóny Ferreira]

Helena, começo por ti.
Ainda me lembro da emoção tocante dos teus
olhos, e eles falam em poesia e emoção,
Obrigada e foi bom rever-te, amiga
Beijo

Goreti, sem querer trocar galhardetes, o
prazer em te ler é igualmente enorme.
Beijo e obrigada.

gdec2001,
Bem haja, meu querido Poeta.
Grata pelas palavras.

Tom, é gratificante ler as tuas opiniões. Sempre.
Um beijo amigo a todos.
Vóny Ferreira

[vilde]

Vóny,
"Vou desligar a inacessibilidade das horas que te escondem, onde te invento em regressos forjados"

Esta escrita cuidadosa e transparente, deixa interpretar com beleza o que te vai na alma...

bj
vilde

[Vóny Ferreira]

Vilde,
obrigada!
As tuas palavras (e a de todos os outros)
serão sempre pérolas que guardarei no
coração.
Beijo
Vóny Ferreira