josé antonio
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« em: Maio 24, 2010, 17:06:58 » |
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INQUIRIÇÃO AMBIENTAL
Inquirido no centro e deputados inquiridores em cada um dos lados.
PERSONAGENS: - Inquirido – Eng. Nabo Boavida, Presidente da Clinatura (produtora de papel higiénico e afins) – José António (JA) - Deputada Oposta – Goreti Dias (GD) - Deputado Oposto – Dionísio Dinis (DD)
GD – O nosso inquirido na sessão de hoje é o Sr. Eng. Nabo Boavida, presidente da Clinatura, produtora de papel higiénico e produtos afins, a quem endereçamos desde já os nossos agradecimentos pela sua presença e disponibilidade, em nome do Sr. Presidente desta comissão de inquirição ambiental, actualmente retido na casa de banho, bem como em nome dos restantes deputados, ausentes para tratamento de compromissos pessoais. É objectivo desta comissão, o completo esclarecimento do caso gravoso e deveras preocupante do gasto excessivo de papel higiénico pelos portugueses, com óbvios e chorudos lucros para a sua empresa e empresas subcontratadas, Sr. Engenheiro! Que nos tem a dizer?
JA – Boa tarde Srs. Deputados. Eu é que agradeço a possibilidade que me dão de colocar a verdade em cima da sanita, perdão, da mesa, desejando as rápidas melhoras do Sr. Presidente desta Comissão, afirmando desde já estar ao inteiro dispor dos senhores deputados com a verdade e toda a verdade mesmo que a mesma possa cheirar mal… Façam o favor!
DD – Sr. Engenheiro, agradeço em nome do meu partido a sua presença e passo à primeira questão: o papel higiénico que as suas unidades fabris produzem, limpam ou não limpam sempre que necessário e na quantidade estritamente recomendada?
JA – Senhor Deputado, agradeço-lhe a pertinência da sua pergunta porque me possibilita uma resposta cabal à mesma. Vejamos: Não existindo estatísticas fiáveis sobre as quantidades necessárias para o efeito, é-me absolutamente impossível e com verdade absoluta responder a tal questão. Penso que cabe a cada um de nós avaliar do que necessita e do que gasta, ou pior ainda do que pode gastar! Isto é, diferentes que todos somos até na quantidade evacuadora, teremos de ser os analistas e controladores de nós próprios. Exemplificando, senhores deputados: - um metro de papel higiénico não pode ser padrão universal de consumo, muito menos em situações especiais…
DD – Tais como Sr. Eng. Nabo Boavida? Se nos puder precisar…
JA – (Apresentação do gráfico inexistente…) Contudo, tentarei concretizar: - Casamentos de interesse, infidelidades conjugais, promessas partidárias, elaboração de programas eleitorais para o eleitorado, eu sei lá, um sem número de situações a que o organismo reage e reagindo pelo vector negativo obriga indubitavelmente a um consumo de papel higiénico muito mais elevado com a agravante do surgimento da diarreia, que como é do conhecimento generalizado é muito mais difícil de suster, logo exigindo qualidade de produto superior, para se evitarem desastres de dimensão indesejável como por exemplo as cadeiras dos senhores deputados na AR…
GD – Pois, já entendemos Sr. Engenheiro, no entretanto, e se não pretender responder à minha questão, na qualidade de cidadão livre, poderá fazê-lo, mas e para claro esclarecimento desta comissão gostaríamos de saber: a) – Qual a quantidade de papel higiénico que habitualmente consome diariamente? b) – E de que marca, se da sua ou de marcas concorrentes?
JA – Respondendo-lhe sinceramente, não posso quantificar como me solicita, a quantidade, - pois tenho consumos em dias normais, isto é, quando sem a presença do Fisco nas minhas empresas, que se poderá traduzir em algumas dezenas de metros e se calhar quilómetros nos dias em que o mesmo Fisco está em fiscalização das três contabilidades paralelas que mantenho permanentemente…
GD – Disse três contabilidades paralelas, senhor engenheiro?
JA – Qual o espanto senhora deputada? Tudo faço e continuarei a fazer para ter a certeza de que os números estão correctos! Para mim não me basta uma simples prova dos nove, tem de ser a prova real e comprovada através dos depósitos nas minhas contas pessoais… Quanto à segunda questão, Sra. Deputada, utilizo o papel higiénico da concorrência, para me manter informado sobre a sua composição, capacidade de absorção, odor e quesitos exigíveis num papel higiénico de qualidade certificada!
GD – E não considera essa atitude um mau exemplo para os seus colaboradores e clientes?
JA - Ora Sra. Deputada, como se ganham as guerras? – Controlando o movimento do inimigo!
DD – Desculpe-me voltar um pouco à minha pergunta anterior, mas da sua resposta não entendemos qual a estratégia que accionou para produzir os rolos de papel com doze folhas em vez das duas comuns às restantes marcas?
JA – Sr. Deputado, se esta comissão pretende incriminar quem defende a qualidade ambiental e não só, terminarei aqui a minha intervenção! Que segurança têm os consumidores na eficácia do papel de duas folhas? Que protecção para os dedos? Isolamento das bactérias e fungos e…e todo o resto? E não esqueçamos as actividades subsidiárias, por favor: - quanto mais papel entrar na sanita maior a probabilidade da mesma entupir, logo, maior necessidade de mão-de-obra de pichelaria e não só, se ela acabar mesmo por transbordar… nesses casos até a protecção civil poderá ser aproveitada, nas épocas de vazio da sua actividade…
DD – Mas o custo do papel higiénico que as suas unidades produzem quintuplicam o custo das marcas concorrentes…
JA – E qual a admiração, Sr. Deputado? Por regra e rigor deveriam sextuplicar, isto é, seis vezes mais papel, seis vezes mais caro, não acha? Mas o meu interesse não é obter lucros desonestos com a necessidade de consumo da população para limpar o que evacua diariamente! O Sr. Deputado já pensou que cada um poderá consumir apenas a quantidade que desejar e número de vezes estritamente necessárias? Eu explico, como afirmou e bem, o papel normal tem duas folhas, o meu tem doze, seis vezes mais, ora se o consumidor quiser manter o hábito das duas folhas, poderá repetir as suas necessidades mais seis vezes ao dia!
GD – Facto é que, Sr. Engenheiro o preço do seu papel higiénico é proibitivo para a maioria da população, sobretudo nesta época de crise que vivemos. Um rolo atinge quase o valor, digamos de um livro e dos mais caros… não acha um exagero?
JA - Uma vez mais lamento discordar, mas tenho de o fazer. A Sra. Deputada deve ter memória duma iniciativa, salvo o erro num café ou restaurante japonês em que publicaram livros de títulos emblemáticos em papel higiénico, para os utilizadores irem lendo, enquanto, pois… Ora o papel que eu forneço, com a qualidade que possui permitirá edições de luxo! Poderão imprimir metade das folhas deixando as restantes para o consumo do utilizador. Assim o mesmo, não só pode satisfazer as necessidades fisiológicas como intelectuais, trazendo consigo as folhas impressas para ler quando quiser, e não sendo necessariamente um livro de merda! Esclarecidos?
GD – Em nome do Sr. Presidente ainda não recuperado, desejo agradecer a sua disponibilidade e colaboração para com esta comissão, concedendo-lhe como é hábito a todos os inquiridos um minuto para uma nota final sobre a sua intervenção.
JA – Desejo agradecer-lhes Srs. deputados as questões que me colocaram e as rápidas melhoras do Sr. Presidente, aproveitando para salientar para quem eventualmente não tenha entendido que o papel higiénico produzido pelas minhas empresas, não só respeita o ambiente como também e cultura deste país!
Muito agradecido.
José António 10.05.2010
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