Figas de Saint Pierre de
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« em: Julho 05, 2010, 12:49:28 » |
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De vez em quando mexo nas minhas pastas! Desta vez desenterrei este "Desenterrado"
ENTERRADO Tinham acabado de me enterrar. Comecei a sentir-me mal. Começou a faltar-me o ar e não via nada. Alguém me tinha tirado os óculos. Quis abrir a boca, mas os queixos não se moviam, estavam frios e lábios colados à placa dental! Sentia fome, mas Para que me serviam os dentes se não tinha óculos para ver o menu? Foi quando tentei estender o braço direito para chegar ao interruptor da mezinha de cabeceira, mas o braço não se mexeu e dei conta da falta das minhas muletas! Estava eu a cogitar no que me tinha acontecido, até porque quando, de repente, me lembrei que, talvez, tivesse morrido.
Sim, era verdade. Estava ali, definitivamente, enterrado! Ao sétimo dia, ouvi, sobre mim, um ligeiro murmúrio do género: “ que a terra lhe seja leveâ€. Não concordei, porque acho que a terra deve pesar tanto para os mortos como para vivos. Tentei estabelecer conversa com o meu vizinho, mas ele não respondeu. Reparei que o vizinho só tinha ossos e que estava muito compenetrado à espera que !
Pode ser que, como prova de amizade, ela, no sÃtio onde estou enterrado, deixe crescer flores, Ã vontade.
Quando acordei, vi um ramo de flores, que alguém tinha preparado para levar ao cemitério, para a campa de minha mãe. Minha mãe merece que lhe levem flores, porque em vida foi uma flor e agora, enterrada, merece ter sempre a campa perfumada! Eu, todas as vezes que me deito, com medo, procuro adormecer tarde para não morrer cedo! É que aquele lugar, onde em sonhos estive enterrado, era muito abafado! ............................xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxx............................ autor “desenterradoâ€: Silvino Taveira Machado Figueiredo Gondomar/Portugal 30/05/2003
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