22segundos
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« em: Março 13, 2008, 23:35:01 » |
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Os ferrolhos da caixa de Pandora.
Violentas brutal e insistente, num ritmado insano e fremente, os ferrolhos enferrujados, fracos, gastos, antecipadamente derrotados, da caixa de Pandora.
Um olho chispando desamor feroz, o outro entoando um despeito atroz, as mãos forçando as dobradiças, ancestrais, arcaicas, indolentemente inteiriças, da caixa de Pandora.
E sacudindo fleumático um corpo perfeito, e entesando os músculos com vigor escorreito, olhas-me com sorriso desafiante e trocista, saboreando a que quer que saiba a conquista. E os ferrolhos prestam-te vassalagem, e as dobradiças rendem-te homenagem.
E no teu Olimpo encimado, ordenas um mundo fustigado, Fitando a caixa escancarada, exalas vingança alcançada. E estreias os cataclismos, E empurras quedas aos abismos; E tremes por maremotos, E anseias terramotos; E instigas a homicÃdios, E à escalada aos genocÃdios; E manipulas revoluções, E abafas violações; E permites atrocidades, E agitas tempestades; E patrocinas guerras mundiais, Estratega em batalhas brutais.
E harpeias, ante uma Roma envolvida em chamas. (E tudo só porque me amas) E atacas, p’lo cavalo de Tróia camuflado. (só porque te quedaste apaixonado)
Mas se te vi e se gritei, Mas se fugi e te não beijei, Não foi por não te querer - foi por temer desfalecer. Não foi por não te amar, - foi por temer alucinar.
Remusicas-te-me a pauta da vida, Elevas-te-me ao céu, qual nota sustenida, Mas suei e desidratei gravemente, Porque me queimaste tão duramente, Ao chegar aos teus raios de sol, Ao cair desamparada em mi bemol.
Mas amo-te com a força das vagas, as gigantes, com que a terra tragas; Mas amo-te com a eficácia das lanças, com que matando, a vitória alcanças. Amo o teu génio violento, Amo todo o teu tormento, Amo que expludas descontrolado, P’lo amor te manter dominado. Amo-te brutal e indolente, Amo saber-te meu somente. (Amo-te mesmo criminoso, Se for a dor do amor de mim, Que te faz tão vil e impiedoso.)
22segundos.
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