Goreti Dias
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« em: Julho 22, 2013, 15:30:08 » |
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Homenagem aos poetas da Mosaico de Palavras, num texto elaborado por Maria Goreti Dias. De cada autor, 3 linhas de texto reorganizadas. Acrescentadas um “masâ€, um “porque†e uma mudança de género numa palavra. O restante texto pertence aos autores no fim nomeados.
Mil imagens de milagres e sombras, Um ator perfeito Com fortes argumentos E gestos de sedução, Por entre caminhos desembrulhados. E no coração, espetada, Uma lança de um único amor. É deixá-lo descobrir Os segredos escondidos, Sons fingidos, murmúrios sentidos, Grandes tormentos, sonhos perdidos, Como se um gemido do vento Entrasse pela memória E desalinhasse a bobine.
A vida calça os dias com diferente emoção Esguia, esbelta e aprumada, Sabendo que nada vales, E alimenta as raÃzes que nos prendem ao chão. Não me dês promessas repetidas, Nem o choro repentino a soluçar; Não me dês a terra árida, a secura E a alma preenchida de frio. Tenho, hoje, certeza que, passos remotos, Não servem para edificar nossos jazigos! Memórias de prata- são um quase… quase nada, Vêm lentas e vão rapidamente E nunca foram totalmente nossas!
Vendaval de sonhos Que no brasido da noite Eu acendi, Te miras nas águas paradas. Trazias ao colo, envolvido nos teus braços, O carenciado coração de um homem… Neste momento, sinto-me faustoso, Não preciso do diabo pra nada. Fui o cianeto e os dentes que o trincaram, Fui o ódio, o desespero, a guerra, a catástrofe, Fui o dia, a noite, a má hora. Quem tem um império tem ora tudo Mas há de haver algum ângulo escondido, O poeta é a sensibilidade O Deus do Bem o fez, sereno, puro!
Não invoco palmas do tempo. Não quero consultar risos antigos… A mais dourada estrela refulgente E deslumbrante flor que nos sorria, Alma a vaguear, Clama ao vento compaixão agora, Sonambulismo em plena luz do dia À procura… Escondi os versos no mar! Sonhar é um ato de fingir, Abafa a chama Que eu sonhei viajar nas asas de um anjo verde.
O homem questiona a quietude do azul. O homem tem da fé futura o espanto do vermelho rebelde, Bosque remanescente de noites marginais. Rastejo a caminho do discernimento, O passado, A viagem na imensidão dos olhos. Preciso urgentemente de me impregnar, Com as cores indefinidas do arco-Ãris De me encharcar com a chuva torrencial! Pensa que a impensável verdade É no fundo a única certeza No rodÃzio imenso do pulsar da vida, No céu branco-opaco, cor da nostalgia! Usou máscaras Para se proteger das máscaras dos outros, Mas enjoamos facilmente os hálitos fedorentos Por onde veja o mundo tal e qual, Na engrenagem sabiamente planeada De quem vestiu aparências.
Tão fresca, quase gelada A flor há de Murchar e apenas será De quem a vir antes. Nos dias em que estou triste, Voam gaivotas sem rei nem dono. Guardado numa casa desigual Alcandorada numa eternidade, Cada um é peça útil, inserida… Tem o sol como prisioneiro E a mim como companheiro . Ao longe, o cruzeiro De imemoriais crenças Que ambos possuÃmos… Horas tortuosas estas em Que escorre penosamente Cada milimétrico segundo… Revisitadas pela melancolia.
Empurrada pela mão do destino, O único contorno que me aparece é o meu. Sopra o hálito gélido da noite invernal, Difunde-se a beleza e a tristeza Reduzida à mais desprezÃvel forma de vida. Por trás do véu, Deixo-me levar pela alvorada boreal. No meio das coisas disformes, Parte de mim morrerá sobre as pedras Mas a outra se imortalizará em musas.
Cruza neste momento Todas as nuvens que o céu Soltou por malvadez, E aceleramos o passo Para evitar o vómito do dia… Mais vale um viver que é de sina Do que viver vida que não a minha!
Embaraças as cintilações que procuro, Encostam-se à s sombras onde escorrem silêncios E ficam a olhar-me inesperados de desencanto. No meu âmbar, torrente de perdição, Violetas que se acendem de êxtases Nos finÃssimos intervalos que a memória alimenta! Ajoelha, rasga os joelhos, fundo, até que a alma brade! Banha-te no mar, lentamente, impregna-te de remorso. Sombra ofuscadora, renunciando a ingénua oferta do leal pasto! Se as memórias forem apagadas por certas nuvens, Então venham essas nuvens. Faça-se um céu intensamente nublado para certas memórias!
Gostava de ser letrado pra escrever mais acertado, com outra sabedoria, Mas na vida a que me dou, sou só aquilo que sou e não aquilo que queria! Autores: Carla Valente Lourdes Salvador Ana Ribeiro Paulina Judite Carvalho Mário Lourenço Vóny Ferreira Andreia Carneiro Vânia Machado Elvira Santos Goreti Dias DionÃsio Dinis Jorge Vieira Cidálio Castro Luis Abisague Alexandre K. Pereira Maria Odete LuÃs Tiago lameiras João Bosco da Silva Fernando Neto Joaquim Marinho Maria Augusta da Silva Neves Maria Ramajal Jorge José Pacheco de Andrade Teresa de Paiva Pedro Diamantino José Maria Sousa Guedes Cláudia Isabel Maria Guimarães Helder Magalhães José António Pinto Sérgio lucas Manuel Bastos Deolinda Reis Carolina Alves Conceição Bernardino PatrÃcia Pereira Sandra Pinto Maria Antónia Ribeiro Fernando Salgado Orlando Monteiro
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