cobiças de luar

[Mel de Carvalho]

quando a noite desce farta na vertical do mar
e a cidade adormece exausta
como um gato arguto e lesto
subo ao telhado de zinco, vou cobiçar o luar…

teço-lhe rendas e laços, embaraço-o nos meus braços,
solto os atilhos do corpo
solto o corpo dos nós. dispo-me! afinal estamos sós!
e  ele?...
ele, louco entra no jogo,
emoldura de ternura cada traço de meu rosto
envolve em ousadia cada curva de meu peito
afaga a pele sedosa com penas de andorinha-rosa,
e na boca em desejo e delírio,
que o sinto em arrepio de pele,
coloca salivas do mais tegumento beijo…
namoramos horas a fio
em elevo e devaneio
num toca e foge atrevido de petizes em colmeiro…
depois, exaure de tanta fuga, de tanta brincadeira travessa
desço p’la roseira prateada que se eleva na sacada
desfaço-me da pele de gato e visto um novo fato.

desta vez sou uma fada, quiçá feiticeira …
viajo numa vassoura nas ruas do anonimato
atravesso a via láctea e vou aninhar o teu corpo
vou contar-te um segredo…
“chiu, estou aqui … não tenhas medo”…

dou uma reviravolta na cama
o sol lá fora já espreita, é o dia que chama…
tapo com a almofada a cabeça
e o sonho ininterrupto, recomeça.

[Sandra Fonseca]

Andas também cobiçando a lua? benvinda ao telhado amiga. Seu poema não tem concorrente em beleza e fantasia.
Lindo demais!
Beijo.

[Liliana Jardim]

Uma noite de paixão poetisa ... envolto num sonho cheio de fantasia... ou será que foi real?

Beijinhos amiga
Tudo de bom para ti Mel

[Goreti Dias]

O dia chama e a poesia também!
Um beijo

[Dionísio Dinis]

A gata em telhado de zinco quente pode ser poesia ou prosa poética mas, se a fluidez dos primeiros versos, os transforma num pedaço de prosa com forte odor lírico, isso tanto pode ser a deliberada demanda do autor, ou então um exercício de exposição transparente, de como se parte de um conjugado de prosa para chegar a um final de poesia.Do escrito e do lido analisado, e sem desprimor para o que considero o prefácio do poema, aponto o meu gostar para estes versos finais, finais e verdadeiros versos, ainda que haja quem possa recriminá-los como poesia de sentimentos apócrifos.

"dou uma reviravolta na cama
o sol lá fora já espreita, é o dia que chama…
tapo com a almofada a cabeça
e o sonho ininterrupto, recomeça. "

 

[Dionísio Dinis]

A gata em telhado de zinco quente pode ser poesia ou prosa poética mas, se a fluidez dos primeiros versos, os transforma num pedaço de prosa com forte odor lírico, isso tanto pode ser a deliberada demanda do autor, ou então um exercício de exposição transparente, de como se parte de um conjugado de prosa para chegar a um final de poesia.Do escrito e do lido analisado, e sem desprimor para o que considero o prefácio do poema, aponto o meu gostar para estes versos finais, finais e verdadeiros versos, ainda que haja quem possa recriminá-los como poesia de sentimentos apócrifos.

"dou uma reviravolta na cama
o sol lá fora já espreita, é o dia que chama…
tapo com a almofada a cabeça
e o sonho ininterrupto, recomeça. "



Espero sempre pela próxima obra, na confiança de uma obra sempre maior!

Abraço!