Doze anos escravo” ou, ” Porque fui eu perder o meu tempo a ver isto?”
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Posted on 4 de março de 2014 by Araci
Hoje fou escrever sobre cinema ! Ui, isso não é normal.
Ora, eu não sou muito apreciadora do cinema que se faz nos dias de hoje ( .coff coff eu não sou nada apreciadora do cinema que se faz nos dias de hoje ) Lembro-me muito bem da minha professora de história dizer que desde os anos 80 não colocava o traseiro nas salas de um cinema, pelo simples facto de não valer a pena. Achando um pouco radical a sua atitude, mas no fundo até admirando, gostaria de a ouvir falar hoje, até a imagino muito crítica a falar de tudo o que se está a passar .
No meu ponto de vista (um ponto de vista que toda a gente odeia) , o cinema tornou-se um pouco semelhante aos jogos de computador, aos de playstation, consolas (que a mim não me consolam nada ) ou outros nomes mais que lhe queiram chamar. Fico decepcionada muitas vezes quando ouço dizer, que se valoriza um filme pela qualidade da sua imagem, se é 2d, se é 3d ou se até tem água a atirar-te para a cara a meio do filme, se as cadeiras mexem e se os oculos 3d são fofinhos. Portanto, agora temos esta estupidificação ainda mais massiva das pessoas comparando com há décadas atrás, ou então depois temos o supostamente artístico que consegue ainda ser mais estupidificativo, pelo facto das ditas pessoas alternativas se julgarem umas pseudo-artistas sobre variadas coisas e de possuírem toda a razão do mundo, fechando-se a qualquer ideia nova sem ser aquelas que gostam de ouvir; Aparece então aquele cinema que é extraordinariamente alternativo ( which means coool man) , com cenas paradas super diferente ( para não voltar a usar a expressão ” alternativo”) , com personagens frias que não dizem nada a ninguém ( tipo blue valentine, que porcaria é aquela?); Ou viramos para o lado animalesco e consideramos arte, e temos durante os proximos 120 minutos cenas de sexo sem parar ( como porcarias tipo o filme “shame”, que nada mais que é que um filme porno culto! O nome do filme não deixa porém de estar adequado, pois o realizador deveria de facto ter vergonha de ter produzido alto tão grotesco).
Et voilá, já consideramos isso arte, como consideramos arte uma pessoa escrever a porcaria de um texto que tem palavrões a cada 3 palavras, que enaltece tudo de nojento e grotesco que há no ser humano . Eis o produto perfeito para uma boa comercialização, é o que o povo quer, ser chocado, impressionado e ficar enojado. É fácil conquistar alguém dessa maneira , é realmente a forma mais simples porque choca, não os faz pensar, não os cativa, não os emociona por alguma beleza, mas sim por tudo o contrário a isso.
Basicamente, eu passei não sei quantos minutos no cinema a ver o ”12 anos escravo” para ficar chateada de não ter ficado em casa a ler um livro, pois eis mais filme exemplo de tudo o que acabei de mencionar Vamos lá pensar bem na coisa.
Primeiro, o filme não conta nada de novo, já se fizeram milhares de filmes sobre a escravatura, e este é apenas mais um, e mau ( Sim, eu sei que o homem era livre, e foi raptado e virou escravo, so what? O tema principal continua a ser a escravatura no século passado ao do nosso nascimento, nada de original ) .
Segundo, repetindo-me, nada de novo. Mais uma vez um mais do mesmo, da História que deveria interessar aos Americanos ( vulgo estadunidenses, ou ianques ) mas que vira História Mundial ( coff História do Mundo ocidental, who cares about the oscars in China? Please!!). Se fizessem um filme sobre massacraques no ex congo belga ninguém iria ver, BECAUSE, NO ONE GIVES A SHIT ABOUT IT; ( Já agora, give it a look please
http://www.genocidewatch.org/drofcongo.html )
Mas eis como é fácil fazer um filme que arrecade milhões de $$$$$$ e milhões de amantes : pega-se num tema já super badalado mas que choque sempre ( é como fazer mais um filme sobre judeus na segunda guerra mundial), coloca-se no filme uns bons quantos momentos de tortura, chicotadas, gritos e sangue a saltar para o ar; Colocam-se meia dúzia de brancos, um especialmente bêbado, e que é estranhamente louco, a gritar com os pretos que são uns coitados, acorrenta-se o preto numa sala escura, coloca-se uma música que de tão importante já me esqueci de quem era…e basicamente é isso, e depois….Momento épico : o personagem principal que coitado, lá sofreu como tantos outros milhares, consegue a liberdade ( deixando os amigos escravos como ele todos para trás, yeah!)
TCHAN TCHAN TCHAN TCHAN como é fácil ser-se esperto para a coisa e levar umas quantas estátuetas no bolso. Ah, esperem, estava a esquecer-me do ridículo dos 2 ou 4 minutos em que o Brad Pitt aparece na película. Eu vejo a coisa desta maneira,o realizador lá implorou ao Pitt ” Pitt dou-te uns milhões de dólares para apareceres no 12 years a slave, PLEASE” . O Pitt lá vem,lança o ar do seu charme como habitualmente o faz, e depois lá fazem um trailer em que nos poucos minutos do trailer mais de metade aparece o Brad Pitt com a sua voz sexy. Eu acho a tudo isto realmente cómico,é mesmo á força toda querer conquistar público ( e lá foi o mulherio todo ver o Pitt quando no final, aparece um preto feio a ser chicoteado,)
Ora, o que me transmitiu e que lição de vida este filme me ensinou? Nada. Será que este filme realmente me transmitiu um ensinamento para a vida, me fez reflectir, me comoveu? Não, não, não. Desculpem-me os amantes loucos por este filme porque é 95% do público que foi ao cinema, mas as personagens são seres frios, não se consegue criar ligação nenhuma com elas durante nenhum momento da história, não sinto nenhuma lágrima a correr-me pelo rosto quando vejo a carne a saltar quando lhe dão umas chicotadas. (É o mesmo para filmes como a Paixão de Cristo, uma autênttica carnificínea para alguém que gosta de ver bem explicitamente carne a ser chicoteada, por mais que tenha sido realidade ( ps ps ps ps milhares de pessoas foram cruxificadas no império romano) qual a necessidade de estar a expor isso? Já sei o que estão a pensar, ” mas aconteceu, há que mostrar às pessoas o que aconteceu, a história não deve ser apagada”. A história não deve ser apagada, mas porque realmente mostrar tudo tin tin por tin tin? Qualquer dia começam na escola a mostrar filmes pornos quando estiverem a falar da reprodução humana, já nem duvido.
E lá venho eu novamente com a mesma lengalenga, no caso do “ 12 anos escravo “ ( quem se sentiu escrava por umas quase 2 horas fui eu, porque não sei porque me deram o castigo de estar sentada no cinema a ver um filme chato e ainda me terem cobrado 6 euros ou lá o que foi para o ver ). , é um filme brutal, é brutal porque é de facto de gente bruta, é um filme bestial, mesmo no sentido lato da palavra já que vem de besta, bruto, grosseiro, feio e estupido.
Quantos aos Óscares, nem sabia que a Cerimónia tinha sido este Domingo, mas quando vi que o ” 12 anos escravo” tinha ganho pelo ” melhor filme”, soltei uma risada, porque isto só vem comprovar a minha teoria sobre a situação actual da 7ª arte e principalmente de Hollywood (que já perdeu toda a credibilidade que tinha) porque se um filme como este ganha o óscar como sendo o melhor de 2013, nem quero pensar como serão os outros ….
Joana Araci
( Ps, querem ver um filme que vale a pena e que fale de história? Vejam o seguinte : Hotel Ruanda )