Dedos

[Laura Azevedo]

Os meus dedos estão quietos. As minhas mãos magras são como pombas brancas deitadas sobre as minhas pernas. Em sossego. Os meus dedos ficam quietos sobre as minhas pernas. Já não são livres. Já não tacteiam o corpo, nem os gestos, nem os objectos parados à frente dos meus olhos, nem sequer as próprias mãos. Há muito tempo que não pintam, que não desenham, que não escrevem. Já não se lembram do toque do papel, nem mesmo do toque da pele. Já não dançam à medida dos sons, em frente à parede branca, desenhando formas de corpos de pessoas e de animais nas sombras de luz. Os meus dedos já não são fantoches. Os meus dedos já não são pássaros, árvores, sorrisos. Os meus dedos brancos já nem conseguem ser o que, afinal, são: dedos. Não fazem o que os dedos dos outros fazem e, apesar de parecerem pombas brancas, não voam. Os meus dedos são silêncio. Um silêncio debruçado sobre as minhas pernas, sobre o meu corpo. Um silêncio comedido. E eu sorrio-lhes, com os meus olhos caídos sobre elas: porque, na verdade, o silêncio é já a minha pele, é já o meu espírito.

[Dionísio Dinis]

Absolutamente envolvente a sua forma de escrever, declaro-me desde já um leitor fiel da sua escrita!Aplausos sinceros e mui sentidos!

[Marília]

se enquanto quietos esses dedos falam tão bem... imagina quando eufóricos!

[João Videira Santos]

Sem delongas, com objectividade: Muito bom!

[Laura Azevedo]

Obrigada, mais uma vez.

[CAMPISTA CABRAL]

DEDOS, PROLONGAMENTO DAS MÃOS... PARTE DELAS... ESBOÇO, VISÃO? TATO, EXPERIÊNCIA, PEDAÇO DE HOMEM, PEDAÇO DE MULHER, NO ENTANTO, HUMANO. BELO TEXTO: ESCRITA POÉTICA E MARCANTE! UM GRANDE ABRAÇO!

[Laura Azevedo]

Obrigada, Cabral

[Goreti Dias]

Um magnífico pedaço de prosa!
Bj

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Bravo! Bravíssimo!

Muito bom o teu texto!

Seja bem vinda ao Escritartes.

Convido-te a ler também meus textos no site www.recantodasletras.com.br.

Grande abraço do Brasil para ti.

[Alexandre de Paula]

O silêncio da alma não há. O gritos de aplausos é o que merece!!!

[Dionísio Dinis]

Digitalmente perfeito.