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Autor Tópico: CHEGAR AO FIM  (Lida 2250 vezes)
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António Casado
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« em: Dezembro 01, 2013, 14:21:08 »

António Casado________ 2 Outubro 2011


CHEGAR AO FIM
-


Fito as paredes sombrias do quarto
E às sombras projectadas no cimento
Pergunto o porquê de tanta dor
Um silêncio vazio preenche o ar que respiro
Como um ácido ou um veneno
Quando um xadrez de culpas aponta o xeque-mate
De um jogo que nunca consegui entender.

Detenho o olhar nas silhuetas desenhadas
Como se um “eu” brotasse das trevas
E com um sorriso me explicasse este mundo
Onde sou a eterna criança perdida no quarto
À procura do brinquedo que nunca teve.

Li nas sombras apenas as entrelinhas da solidão…
Perguntei ao mundo: Porquê?
Como se o mundo tivesse uma resposta
Ou como se a resposta fosse a que precisava ouvir…

Mas não existe resposta….
Um buraco negro sem luz invade a calma
E uma lágrima saída das entranhas da dor
Acorda de um passado que pretendo esquecido…
Volta sempre… sempre…
Como a amarra de um navio nunca o solta
Seja qual for o temporal que expluda no mar!

Acuso-me como se em cada culpa
Descobrisse, ainda que delével, a razão de um sonho
Que partilhasse de lógica o meu presente…
Acuso-me! Não encontro justificações…
Apenas o mal deliberado pelo mal
Surge em forma de foguete e explode no cérebro
Sob a forma de um caos!

O meu erro… Bem, o meu erro, foi amar!
Inventar desculpas para os erros e continuar a amar
Consciente de que o que sinto esmorece em mim
Como uma gota de tinta esbatida na água
Até desaparecer no desânimo da parede…

Mergulho nesse mar fantasma onde sou invisível
E transfiro para o olhar a mágoa que se solta
De um vazio cada vez mais profundo
De um nada sem razão
De uma dor vencida pela dor
Ou de um caos…

O amor é isso… Um caos!

Somos apenas os atiradores furtivos
De uma vontade feito desejo
Que por ele mesmo se multiplica
Em quantas vontades e desejos
A carne pode implodir nos nervos…
Sei lá se é assim?
Apenas a marca de uma onda perdida no mar
Define os passos cruzados com os meus
E leva consigo todos os sentimentos…
Resta o vazio… Resta o nada… Resto eu.

Afinal, que ganhei amando?
Afinal, que se ganha amando?
Um círculo vicioso da carne
Que mata os afectos de tão escassos
E o desejo de sexo é o protagonista
Daquilo a todos chamam paixão.
Apenas isso… A marca de um acto
O delírio de breves momentos de prazer
Ou o fingimento de uma vida de tolerância
Onde se perdem os dias e a vontade de viver
Onde o cansaço adormece no tal circulo de traições
Onde a luz, se alguma luz resplandeceu,
Foi apenas para dizer que um outro corpo
Se materializou na utopia que o afecto pode conter.

Nunca nada acontece!
Apenas se passa de uma dor para outra dor
Numa desesperada procura do amor
Que não passa de uma palavra
- De uma única palavra! –
Onde todo o sentido se injustifica
Todas as razões condescendem
Para poderem alimentar o grito – eu amo!
Ainda que nem sequer o entendam!

O que é o amor afinal?

Um laivo de esperança lançado ao abismo
De uma vontade concreta de ser alguma coisa
Onde nada nos pertence para além do momento
Para além da ilusão
Para além da fantasia
Para além… de nada!

O que é o amor?
Os degraus quebrados de uma escadaria sem fim
As telhas arrancadas ao telhado do sonho
Um rochedo desfeito pela água…
Valerá a pena lutar por nada?

No fim de tudo isto um chorrilho de mentiras
Acorda o sonhador do profundo pesadelo
E a realidade assume a verdade de um fracasso
Maior que a vontade inicial de um sonho
Transformado em raiva, dor, ódio, ressentimento…
Mas o ódio é também uma forma de amor ao inverso
Ou uma forma de abandono do abandono
Um chão sem pedras, areia, nada…
Apenas isso… Nada!

Os felizes recriam o nada
Fazem dele teias de aranha e céus límpidos…
- Um covil de víboras!
A alucinação flamejante de uma traição
Que apenas se repete
Queda após queda… Após queda… Após queda…
Até um dia descobrirem que foi tudo muito tarde
Que todos os sonhos foram ilusão
E que se algum sonho se transformou em realidade
Foi porque o sonhador não acordou!

Sem fé, sem caminho, sem luz
Ainda busco um naco de paz
Crente de que ela existe
Tão longe da vontade dos corpos que pensam que amam
Como o sol quando num eclipse
Não reclama a vontade de iluminar
E cumprir-se!

Assim chegámos ao fim
Sem nada de nosso
Sem nada de bom
Apenas um carnaval de culpas e dores…

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Leia autores portugueses. A cultura ao serviço do Povo.
Goreti Dias
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« Responder #1 em: Dezembro 01, 2013, 19:27:21 »

Amar nunca é um erro. E quem ama livra-se de rancores, ódios e vinganças. E vem escrever assim! Muito bom!
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Goretidias

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Dionísio Dinis
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« Responder #2 em: Dezembro 02, 2013, 16:01:33 »

Um grande momento de poesia.Assim vale a pena ser leitor!
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Pensar amar-te, é ter o acto na palavra e o coração no corpo inteiro.
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Partilhar é bom! Partilhem leituras, comentários e amizades. Faz bem à alma.
Novembro 10, 2022, 20:30:23
E, se não for pedir muito, deixem um incentivo aos autores!
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Boas leituras!
Novembro 10, 2022, 20:29:08
Boa noite!
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Brevemente, novidades por aqui!
Setembro 05, 2022, 13:38:48
Boa tarde
Outubro 14, 2021, 00:43:39
Obrigado, Administração, por avisar!
Setembro 14, 2021, 10:50:24
Bom dia. O site vai migrar para outra plataforma no dia 23 deste mês de setembro. Aconselha-se as pessoas a fazerem cópias de algum material que não tenham guardado em meios pessoais. Não está previsto perder-se nada, mas poderá acontecer. Obrigada.

Maio 10, 2021, 20:44:46
Boa noite feliz para todos
Maio 07, 2021, 15:30:47
Olá! Boas leituras e boas escritas!
Abril 12, 2021, 19:05:45
Boa noite a todos.
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Bom domingo para todos.
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Boa semana para todos.
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Boa tarde a todos.
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