zésilveiradobrasil
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« em: Novembro 15, 2008, 16:08:15 » |
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Casada e dois filhos: uma moça e um rapaz. Bonita, uma beleza comum de mulher, mas que chamava à atenção. Atração essa que eu não saberia explicar em detalhes, pois envolve sentimentos conhecidos por mim, creio no mais comum; tesão mesmo. Talvez para outro olhar masculino ou feminino, que fosse, não viesse significar nada de especial como foi para mim. Mulher altiva, que antes dessa profissão qual exerce com dignidade e sabedoria desde que se casou, a de mãe. Formara-se noutra, mas preferiu dedicar-se totalmente ao lar. Uma condição que para certas mulheres é indiscutivelmente desgastante, intencionalmente impossÃvel e fora qualquer cogitação, cuidar do lar. Parece piada, mas não é. É pura realidade. Em alguns casos chegam ao suicÃdio. Por favor, sem risos, não é piada. (risos)
No caso dessa mulher não as duas atividades. Por que só do lar? Era qualificada profissionalmente em assuntos administrativos e organizacionais para empresas de grande porte. Mulher de visão, além de prendada, aplicava o seu saber com o olhar investido numa grande famÃlia, por isso fazia tudo com muito gosto a fim de agradar e progredir no seu intento. Era o que ela queria; uma famÃlia. E assim ela fez até bem pouco tempo. Até quando soube das traições do marido, do envolvimento do filho caçula com as drogas, e sua filha; prostituiu-se nova, mentia sobre seus relacionamentos, frutos advindos dos seus amigos de classe média alta.
Seu castelo ruiu, o pomar cresceu espinhos, as flores secaram, ouvia grunhidos ao invés dos cantares dos pássaros, tudo beirava a loucura. O modo de vestir-se, de ver a vida e de interação, mudou, e radicalmente. Não havia mais uma preocupação demasiada com a filha, já que ela havia se amasiado com um homem de alta posição social desde os seus dezessete anos. Sabe-se dele apenas que é rico, mais velho, e que tem outra mulher, a dúvida, é se é casado. Do estrupÃcio e safado do marido, o que ela sabia era coisa antiga, ficara mal acostumada com suas péssimas atitudes desde quando namorados. Aquela coisa de paixão cega... Só depois de muito tempo é que viu que a vida pregou-lhe uma péssima peça, hoje com arrependimentos incalculáveis.
Os filhos debandaram-se, afastaram-se, sem comparecerem até mesmo nos finais de semana. A esta altura já adultos, formados, mas, deformados no caráter, nunca se importaram com o prazer de ser famÃlia. Enquanto isso, sem que se notasse de pronto, nem ela mesma, começara a perder todo aquele viço de mulher vibrante e sensual. Vivendo naquela casa quase que solitariamente, e não havendo muito que fazer e para quem fazer, já que o canalha do marido praticamente se ausentara da convivência convencional do dia a dia de um casal, ele chegava todos os dias à s altas horas da madrugada.
A partir desses episódios danosos para sua alta estima, ela passou a beber voluptuosamente. Um detalhe; ele não bebia, e se fazia superior por essa diferença, o bastante para que passasse a agredi-la verbal e fisicamente. A gota d’água foi quando chegou ao estágio de espancamento. Amigos e parentes tentaram salvá-la várias vezes das garras daquele que se dizia o homem dela. E a paixão dela por esse homem era tão forte que a fazia suportar tudo calada, e não tolerava interferência, e nem o conselho de ninguém.
Mas havia alguma coisa no ar. Algo de mais grave estava em curso para acontecer. Sua atitude calada denunciava isso. Pronto, como retaliação ela passou a beber compulsivamente, e convidava seus amigos de copo para festas todos os finais de semana. Era o ambiente que ela sempre desejou casa cheia e festiva. Estava a partir daquele momento se formando uma nova famÃlia, esta constituÃda agora de vagabundas, mendigos, alcoólatras, drogados, e ás altas horas, também por policiais que vinham apenas para achacarem, favorecendo ao local, antes um lar, o status de bordel. Agora era tarde para o ex-marido tomar uma atitude, sim, ex, posso distingui-lo assim, pois não tinha mais voz ativa, em nenhum lugar da casa, sequer no próprio quarto, agora tomado para práticas libidinosas. A multidão alojara-se definitivamente se espalhando pelo chão da sala, dos corredores, e até dentro da banheira. Aliás, eles, os convidados, estavam ficando incomodados com a presença dele, pois reclamava demais. Inconformado com a situação, ameaçou, proclamou em alto e bom som que daria um fim em tudo, poria a casa à venda.
Um silêncio sepulcral instalou-se. Olhares espios e nervosos começaram a rodeá-lo. A mulher surge do corredor, travestida ou incorporada... Garrafa de marafo na mão, charuto na boca, baforadas grandes... (gargalhada estridente). Um maltrapilho ajoelhou-se aos pés dela, ela o ordenou que levantasse, o que fez cochichando alguma coisa. No lugar... ainda o silêncio.
Ela começa a se aproximar. A gentalha vai abrindo o caminho, ela passa por cima de uns, em outros, os pisa até ficar há meio metro, cara a cara, e dá a sentença: - Vai morrer hoje. Aqui você destruiu a primeira famÃlia, a do meu cavalo, e agora está querendo o mesmo com essa, a nova que ela arranjou... Mas eu não vou deixar (gargalhada debochada). Ordenou que o derrubassem no chão e o imobilizassem. Quebrou a garrafa cravando-lhe o gargalo na garganta e bebeu-lhe todo o sangue. A casa está abandonada há cinqüenta anos. Nada permanece vivo dentro dela. Dizem que é mal assombrada.
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