poesiadeneno
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« em: Setembro 15, 2009, 13:15:56 » |
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O Templo
Do Templo, sabemos que era grandioso e sublime. A porta principal, desenhada por um arquitecto de nome desconhecido, estava voltada para poente, e era uma fonte de interesse demasiado evidente. Em 1877, Frederic Cornwell, falava de um deserto imenso, onde existia uma encruzilhada com uma bifurcação, e em cujo caminho que seguia para oeste era visÃvel uma Pirâmide, de dimensões colossais. Algo de misterioso encerrava esta sua descrição, de uma das muitas viagens que Cornwell fizera a Ãfrica mais precisamente, ao Egipto. Nesse mesmo ano morre F. Cornwell , de uma forma que podemos considerar desprezÃvel: batera-se numa luta sem história, por uma mulher de comportamento duvidoso. Conta-se que antes de morrer, as suas últimas e derradeiras palavras teriam sido: todos os caminhos são apenas a Luz, de um único caminho que conduz ao Templo e à Pirâmide. New York, (1917) - Truman Capote vagueia numa rua sombria, sem conseguir escrever algo de memorável no seu livro de contos, " Música para Camaleões". Não muito longe do lugar onde se encontra, num quarto de hotel M. Monroe, conversa sobre algo efémero com Henry Miller. A uma grande distância dali, em pleno deserto abrasador, junto ao que restava de uma antiga parede e não muito distante do Templo, jaz um corpo. Permanece ali, não se sabe como nem porquê. O seu rosto apresenta um olhar tão assustado que dir-se-ia ter visto algo de sobrenatural. Os anciãos daquelas paragens dizem pertencer a F. Cornwell. Dizem que o tempo tudo apaga: velhas recordações, conhecimentos e factos que não voltarão a repetir-se. Na planta da sua mão direita são visÃveis alguns traços impressionantes, que fazem lembrar um caminho para um Templo e uma Pirâmide. O seu corpo foi enviado para o Cairo para investigações. Muitos anos se passaram desde esse memorável momento, escrito a fogo sob o céu estrelado do deserto. New York, (Março de 2008) - um homem vestido de negro entra na Biblioteca Municipal e pede, de uma forma quase inaudÃvel, um livro ao bibliotecário. A resposta não se fez esperar:-aqui tem o seu livro, Sr. Cornwell.
Neno*
*Singela homenagem a Jorge LuÃs Borges
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