A PALAVRA AR

[CAMPISTA CABRAL]

A palavra ar sucede como a um assalto
Vem e vai num passo tão rápido
Contínuo e descontínuo e leve e pesado
Como se fosse um círculo invisível,
E como se bastasse a si só
Dentro e fora dos seres
Enchendo-os de vida e retirando-se em seguida

A palavra ar sustenta-se no vazio
E é o próprio vazio: metade, parte, inteiro
E como se caminhasse no nada
E, embora sendo, também nada,
Significasse a essência da vida
E como se estabelecesse em nós um sentido
Um sentido pleno e complexo

A palavra ar envolve o céu e as nuvens
E como se fosse o céu e as nuvens
Como um pássaro planando no fio irreal
Descobrindo, do alto, os segredos das coisas e das gentes
Desvendando os vilarejos e as ruas e os caminhos
E como se enamorasse da água
Formando o amor

A palavra ar

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Está completa a tetralogia. Os quatro elementos já foram apresentados.

Abraços...

[Goreti Dias]

Porque o ar é digno, muito digno... merecedor de todas as homenagens!

[Alice Santos]

Belo poema. É fácil e bom inspirar um poema assim. É daqueles que nos fazem respirar a plenos pulmões.
Gostei.
Alice Santos

[António Lóio]

Cabral

Ler o seu poema dum só folgo fez-me ficar com falta de ar....
Abraço
Tom

[vilde]

Porque vive em todo o lado
mesmo sem darmos por ela
esse ar é caravela
em palavra consagrado...

bj
vilde

[CAMPISTA CABRAL]

Caríssimos Vilde, Tom, Alice, Goreti e Oswaldo:

Muitas vezes falta-nos ar diante das coisas, diante da perplexidade da vida! Sentimos que algo nos sufoca e nos aerta mais e mais: o tempo, a morte, a saudade, enfim... Muitas coisas! Obrigado pelas leituras e comentários! Um grande e terno abraço!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Relendo... Tomei novo fôlego!

[CAMPISTA CABRAL]

Obrigado amigo poeta!

Abraços da fria Serra dos Órgãos!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Abraço da inacreditavelmente fria São Gonçalo. Estamos a 12° C.

[Dionísio Dinis]

Um poema de fino recorte e imensa inspiração.Os meus aplausos.

[Nanda]

Como todo o Campista que se preze valorizando o ar, tão ignorado pela humanidade, poluída de ignorância e de egocentrismo.
Aqui respira-se bom oxigénio.
Bj
Nanda   

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Nanda, o Cabral é um sortudo! Mora pertinho do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Por lá, ar puro é o que não falta. Da minha São Gonçalo eu só avisto os imponentes mais de 2.000m dessa linda serra.

Abraço, Nanda.

Oswaldo

[Dionísio Dinis]

Relendo.

[zésilveiradobrasil]

com certeza, daí, destes altos, não só os versos saem mais oxigenados. estes ares o poema deve ao poeta tão belo exercício. a palavra ar tanto inodora quanto invisível e tão indispensável...
meu abraço caRIOca

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

É mesmo, Zé...