Que sei da fome que me tritura a alma ...

[Mel de Carvalho]

Que sei eu da mágoa deste lugar sem nexo
onde me abrigo em pranto, suor e dor
na enseada dum só verso?

Que sei da fome que me tritura a alma,
que me trinca e me devora verde no plexo
esvaziado de um só tempo?

Que sei ainda deste sonho em que me sento,
deste delírio e do jejum que me alimenta,
no cansaço rubro da demora?

E destas lágrimas esgotadas -  sal, saliva e babas -,
 que me cortam à naifada um sol d’Agosto?

Se, em cada segundo em que te despojas,
me percorres as veias em lava quente,
e as minhas mãos são, sobre teclas escravas,
esperanças gregárias de dispersas alcateias,
papoilas aladas, pétalas de rosa,
constelações dionisíacas em noites de lua cheia,
a acolchoar o âmago ácido do meu ventre?

Se o beijo que te guardo não encontra o teu colado,
… e o devaneio onde te construí tem dentes serrados
de vales e montes nunca coarctados?

Ah, meu amado… nesta manhã,
porque te sinto ausente, por dentro de mim, morri!

Mel de Carvalho

[Goreti Dias]

Há coisas das quais nunca poderemos saber nada que nos aproveite... mas da tua poesia eu sei que é muitíssimo bela...
Bj

[Vera Silva]

"e as minhas mãos são, sobre teclas escravas,"
E escravizas-nos! Ficamos escravos submissos da tua poesia, por tanto gostarmos dela!

Beijo grande

[Zélia]

Mel, seus poemas são lindos!
Gosto do seu versejar...Beijos, querida poetisa!