OLHE-ME

[vitor]

Olho-a, olhe-me. Espátula que rasura ou fissura que perdura creio que sentirá, olhe-me, como se sem feridas no olhar me inventasse num mar sem limites onde possa navegar esta ânsia, este credo azedo que estica a fuligem, sóbrio vendaval de ventos num corrupio de brincadeiras, de patos debicando o azeite dos olhos, como ser sempre possível inventar a realidade saibamos, como sonharmos estes restos pisados por azias esmurradas pela chuva acre do céu em nossas mãos, só nós sabe, cada um na do outro, definhando nelas uma cova com as unhas, deixar em cada face o risco do estigma como quem teme perde-se novamente. Tire dos olhos os cabelos, não, tiro-os eu, Pandora, sem mãos, como tirá-los, assopro de beijos a vandalizarem-lhe o pó de arroz, o rímel, a fronteira demarcada nos olhos que você fecha ao sentir quando é tocada sem dedos nem mãos mas com um assopro vertiginoso que lhe deixo nos lábios. 

[Goreti Dias]

"a fronteira demarcada nos olhos que você fecha ao sentir quando é tocada sem dedos nem mãos mas com um assopro vertiginoso que lhe deixo nos lábios" Sabiamente dito!
Abraço

[Laura Gil]

Belíssimo texto. Particularmente gostei muito de: "assopro de beijos a vandalizarem-lhe o pó de arroz".

Beijo

[vitor]

Obrigado Goreti pelas leituras, abraço.

Obrigado Laura Gil, abraço.

Vitor Burity da Silva

[vitor]

Obrigado amiga Dite, que muito me honra com as suas opiniões. Abraço.
vitor burity da silva