Henrique Fernandes
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Escrevo como quem beija uma mulher bonita...
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« em: Junho 14, 2010, 23:58:25 » |
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Deus?
É uma hipótese e como tal, continua uma pergunta, uma opção do bem.
O ser?
É algo oculto por detrás dos nossos próprios olhos, algo pelo qual procuramos, ora se não vimos esse ser, então também não é resposta, é pergunta, e mesmo que o encontremos, será uma sucessão de perguntas, é o que somos.
A alma?
É um corpo invisÃvel no ar que não se toca, é um vulto ao vento que não se vê, algo assim também nada responde, é mais um motivo para perguntas, é o que vamos ser.
A morte?
Até prova do contrário é um fim, e o que vai para lá desse fim, é um sol encoberto de perguntas, o que será.
A imortalidade?
É a maior das perguntas, ela existe mas não é para nós.
O silêncio?
É o que é.
A vida?
Essa é quem molda os caracteres com que carimbamos todas as perguntas, é um berço de emoções num arco-Ãris de prazer e dor.
O diabo?
Não é mais do que uma forte dor de dentes no nosso medo, uma besta esfaqueada à força na nossa mente, como quem nos fura os pneus da perversidade, só para apenas nos perguntarmos se fazemos ou não o mal, escolher entre o poder e o castigo, é uma escolha.
A razão?
É uma consagração de evidência, que quando descoberta é uma agulha que nos escapa por entre os dedos e cai num monte de palha, toda essa palha são porquês, o porquê é uma pergunta, é o itinerário para novos porquês.
O infinito?
É o imaginário, o parente mais próximo da resposta para tudo, também este é o que é de perguntas, daria uma boa resposta se essa viagem fosse palpável.
A resposta?
A resposta para tudo é uma pergunta de nada: porquê?
Resumindo, andarmos atrás das respostas é uma caminhada em vão, é deixar metade de nós a deslizar na lama, ficando assim o corpo preso numa almofada comodista, e a alma a deambular pelos ses e mas de cada resposta.
Concluindo, a resposta é alcançar o porquê que se segue, mas sem que nos cegue, pois sem ver o porque do porquê, chegamos ao último nÃvel, a loucura.
A loucura?
Talvez esta seja a tão desejada resposta para tudo, mas como não sou tão louco como os loucos, continuo sem saber a resposta.
Concluindo-indo-indo-indo, a resposta para tudo…
…é tudo.
Mas como o tudo não existe, porque se descobre sempre algo novo, continuo sem resposta.
Mais uma vez o porque que vem do porquê.
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