Ensina-me

[Mel de Carvalho]

Ensina-me a amanhecer
serena,
criança de leite,
no colo quente de sua mãe.

Deixa
que em mim floresça a esperança
- ainda que me vista d’olhares insulados
oásis ausentes,
manás distantes,
ou, tão somente,
ilhas longínquas de costas mareantes.

Fala-me devagar
da lava a escorrer à foz dos montes
ao sopé dos rios
no esgrimir contraditórios
d'artes antigas,
avassalando permanentes melancolias.

Segreda-me búzios
tranquilidades consentidas de mares
repovoadas de gaivotas sempre à deriva.

Ensina-me a arte de ser silêncio
sendo flor do sal
inquietação magistral,
dor da dor de ser palavra.

[Manuela Fonseca]

Ensinar a arte de ser silêncio é tão sómente estar de olhos nos olhos e abrir um sorriso, quase infantil...

Gostei!

Beijinhos*
Manuela

[Goreti Dias]

A arte do silêncio só se aprende à custa de muita dor... muita!
Um beijo

[Mel de Carvalho]

A arte do silêncio só se aprende à custa de muita dor... muita!
Um beijo

Querida amiga Goreti
Este sujeito poético que por aqui escreve, está a aprender "artes" ... dia a dia! A escrita é., digamos, uma "logoterapia".

Beijos enormes!

[Leto of the Crows]

Muito temos todos nós de aprender.
No entanto, nada é mais importante que a suave serenidade do que nos rodeia e de que por vezes não damos conta, pois a nossa cegueira de quem tudo quer ver oculta grande parte do que merece ser ouvido, sentido e visto.

Mas, retirando filosofias de quem gosta de se deixar vaguear, o poema está muito bonito 

bj*

[Zélia]

Bonito, Mel...Muito bonito!
Gosto de ler o que você escreve...
Beijos no coração!

[Mel de Carvalho]

Gostei deste poema de desejos; assim o li. Apesar de alguma ânsia associada ao desejar, encontro também serenidade neste poema. Gostei da dualidade, da serenidade no desejo.

"Segreda-me búzios
tranquilidades consentidas de mares
repovoadas de gaivotas sempre à deriva." : especialmente belos estes versos, para mim.

MariaMadrugada,
A leitura que fez do poema é correcta. O sujeito poético pretendeu, na verdade, passar a mensagem de que existem serenidades mesmo em estados de incertezas. E, nesses momentos, florescem "tentativas de ser poema"...

Um grande abraço, seja bem vinda a esta casa de que me orgulho pertencer, e, igualmente ao meus textos. Já nos haviamos cruzado no Escritas. Bom vê-la aqui.

[Vera Silva]

Lindíssimo Mel! Gostei das antíteses... porque realmente pode haver tranquilidade no meio de um turbilhão de sentimentos!
Muito bom amiga!

Beijo grande

[Mel de Carvalho]

Lindíssimo Mel! Gostei das antíteses... porque realmente pode haver tranquilidade no meio de um turbilhão de sentimentos!
Muito bom amiga!

Beijo grande

Amiga, um dia conheci um senhor que tinha (tem) um filho com elevado grau de deficiência mental. No meio da conversa ele disse-me: " Maria Amélia, acredite, o tempo tem o tempo próprio do próprio tempo. O meu é de buscar serenidades".
Jamais esqueci esta frase. Sempre que a vida me "fustiga" eu recordo que outros foram capazes de superar, tendo por base a tranquilidade e a paz interior. É a que busco a cada instante. Este é um poema onde o suejeito poético que me habita e a quem dou voz, tentou passar essa mensagem.

Beijos enormes. Obrigada por tudo, Veruska!!!!

[Dionísio Dinis]

Todo o poema é uma demonstração de maestria poética, em cada frase, em cada expressão do respirar criativo e sensorial, se descobre a pujante e forte criatividade da poetisa, neste belíssimo poema aprendemos, reaprendemos, cores e sentimentos, sentimos o belo!
A cada um o seu gosto e, por bom gosto, todo o poema é deleite, por mim apraz-me registar esta estrofe -e se todas são excelsas- aqui , nesta estrofe de versos exímios, escolhi-a como uma as melhores!

"Fala-me devagar
da lava a escorrer à foz dos montes
ao sopé dos rios
no esgrimir contraditórios
d'artes antigas,
avassalando permanentes melancolias."

Salve poetisa!

Um longo e imenso abraço fraterno!

[Mel de Carvalho]

Todo o poema é uma demonstração de maestria poética, em cada frase, em cada expressão do respirar criativo e sensorial, se descobre a pujante e forte criatividade da poetisa, neste belíssimo poema aprendemos, reaprendemos, cores e sentimentos, sentimos o belo!
A cada um o seu gosto e, por bom gosto, todo o poema é deleite, por mim apraz-me registar esta estrofe -e se todas são excelsas- aqui , nesta estrofe de versos exímios, escolhi-a como uma as melhores!

"Fala-me devagar
da lava a escorrer à foz dos montes
ao sopé dos rios
no esgrimir contraditórios
d'artes antigas,
avassalando permanentes melancolias."

Salve poetisa!

Um longo e imenso abraço fraterno!

Dionísio,
Sou-te imensamente grata pelos comentários generosos que aqui me deixas.
Um fraterno abraço para ti também, meu amigo.

[Mel de Carvalho]

Bonito, Mel...Muito bonito!
Gosto de ler o que você escreve...
Beijos no coração!

Zélia, é sempre um prazer sabê-la na minha poesia. O respeito e gosto é múto, amiga.

Um beijo
Mel

[Mel de Carvalho]

Muito temos todos nós de aprender.
No entanto, nada é mais importante que a suave serenidade do que nos rodeia e de que por vezes não damos conta, pois a nossa cegueira de quem tudo quer ver oculta grande parte do que merece ser ouvido, sentido e visto.

Mas, retirando filosofias de quem gosta de se deixar vaguear, o poema está muito bonito 

bj*

A vida não mais é que um constante aprendizado, Leto of the Crows. A cada segundo o caminho pode ser biforcado, incerto. O rumo que formos tomando dará sentido (ou não), ao todo.

Um abraço muito grato pelas suas palavras.