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em: Janeiro 04, 2024, 20:16:00
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Iniciado por Maria Gabriela de Sá - Última mensagem por Maria Gabriela de Sá
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Quero acordar-te de manhã cedo Dar-te um beijo com sabor a alecrim azul Siar sobre o teu corpo adormecido Como uma gaivota a descer do céu Com um poema no bico E pronta a escrevê-lo Em papel de livro tamanho A5 Gabriela Sá
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em: Janeiro 04, 2024, 20:13:46
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Iniciado por Maria Gabriela de Sá - Última mensagem por Maria Gabriela de Sá
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Guarda os teus sonhos se os tiveres numa caixa de sapatos Ata-lhe depois uma fita lustrosa como se fosse um presente Brinca com eles, bolas de sabão desfeitas ao primeiro impacto Ri-te com ironia quando o riso andar escondido na tua boca Inventa-lhes funerais em cemitérios de sapatos despernados E volta à tua janela a tempo de veres o pôr-do-sol Leva os olhos ao céu Alumia-te, finalmente, com o brilho das estrelas Gera a seguir poesia mas… Sem musas especÃficas.
Gabriela Sá
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em: Janeiro 02, 2024, 23:50:23
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Iniciado por Nação Valente - Última mensagem por Nação Valente
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O dia seguinte
A realidade entra-nos em casa através dos ecrãs de tevê ou de computador. Essa realidade não é a realidade real, mas a que nos querem mostrar. Quem controla o mundo por imagens, manipula e manipula-nos. Os temas, os assuntos, são selecionados de acordo com interesses que nos ultrapassam. Não passamos de consumidores passivos.
No fundo, somos consumidores, acrÃticos, da sociedade das tecnologias. E vivemos felizes nessa realidade paralela, que não dispensamos, como um vÃcio, que nos corre nas veias. Os contactos humanos, ainda mais restringidos, estão cada vez mais, atrás de um ecrã.
Consumimos guerras de forma acrÃtica, como se fossem filmes produzidos em estúdio, por actores profissionais. Mas os protagonistas são pessoas que sofrem, que morrem, ao lado da nossa indiferença. Pais que têm filhos, filhos que têm pais, gente sem nome, mas com vida para viver. É verdade que somos impotentes perante a avidez de loucos que exercem o poder. É verdade que nos acomodamos porque não nos bate à porta. É verdade que chegámos a acreditar que guerras eram coisa do passado. Não são e nunca serão. Estão no adn da humanidade. E o que é mais preocupante é que vemos gente disposta a apoiar populismos, que se vingarem, nos escravizarão,
O facto é que há muito mais mundo para além do que nos entra magicamente em casa. Existem outros mundos, outras realidades, pequenos e grandes dramas escondidos, felicidades simples, sem serem determinadas pelos novos mentores espirituais, de uma vivência sem espiritualidade. A euforia da passagem de ano já deu lugar ao dia a dia comum, igual ao que costuma ser. Mas a ilusão continuará, seja qual for a forma que assuma. Dia após dia, o ano dito novo não será mais que a continuação do ano velho.
Palavras soltas
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em: Janeiro 02, 2024, 18:28:38
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Iniciado por gdec2001 - Última mensagem por gdec2001
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Poema do pé para a mão
Quem me quiser assisado sentadinho ao pé de mim fale-me leve espaçado assim: Vem cá vem cá não te assustes não te frustes não te exaltes. Descansa rola resvala faz de conta faz a mala -não te esfalfes- mas não vás reflete traz e promete trazer-te contigo atrás.
Diga-me outras que parecem tontarias fantasias mas rimadas ritmadas enroladas em papel parafinado refinado. Diga-me palavras raras ignotas de ignaras gentes e todas rodas rodadas redondas bodas brandas festas gentilezas pequeninas ondas frentes de espumado afecto meu predileto manjar. Fale-me óleo macio nevoento doce adoçado sangrento só de cor desmaiado como sol sol de sol por sangrento de sangado lento alado,,, Fale-me vento brisa bruma de indecisa maneira maneira de quem embala e canta e cala e canta e canta só embalando o desejo de estar só. Fale-me brando amigo secreto rodeado e inconcreto.
Fale-me seda veludo surdo de tonalidade tudo o que for caricia mimo gesto alor que passa graça de foge hoje de luz coada que já foi e flue e é hoje outra vez.
Fale-me meigo ciciado indireto de través mas bom conciliador senhor de suas maneiras.
Fale-me baixo baixinho de vagar devagarinho. Não me olhe não me assuste não me fruste não me exalte. Diga: Descansa rola resvala faz de conta etc. etc.. etc...
Geraldes de Carvalho
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em: Dezembro 30, 2023, 17:50:27
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Iniciado por Maria Gabriela de Sá - Última mensagem por Nação Valente
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Os pássaros não sabem do Natal. São sábios. Os dias são apenas dias. Belo.
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em: Dezembro 29, 2023, 15:06:42
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Iniciado por DionÃsio Dinis - Última mensagem por DionÃsio Dinis
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Nó górdio nó na garganta nó na carteira carteira refém da banca banca farta banca alarve banca de saque bolsa oca e fome vasta nós a força nós a ânsia nós a leste do natal carteira cheia de luta e de esperança de outros nós.
DionÃsio Dinis
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em: Dezembro 26, 2023, 19:59:45
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Iniciado por Nação Valente - Última mensagem por Nação Valente
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A capital
Nesse dia, não imaginava, nem em sonhos, que seria o próximo a abalar. Estava confortável com a vida que tinha. Guardava o pequeno rebanho e na quietude bucólica dos montes, enquanto os animais pastavam, falava com gente de outras paragens que vivia enclausurada em páginas de livros. Eram pessoas que se manifestavam em letras de forma e que me acompanhavam na solidão dos longos dias. Todas as semanas os livros chegavam ao largo principal da aldeia, numa carrinha que se chamava Biblioteca Gulbenkian. “Sai daà malhadinha.†Nesse dia, depois de recolher o gado, estava embrenhado nas peripécias das Pupilas do Senhor Reitor, a minha mãe decidiu levar-me a visitar um senhor de bom traje e bons modos que nunca tinha visto: “o senhor José Francisco que vive há muitos anos na capital, disse-me que está de passagem, e quer conhecer-teâ€. O primeiro homem que conheci que não se chamava Zé, começou a falar com frases de fino recorte, émulas daquelas que eu pensava que só eram permitidas aos habitantes dos livros. – Não sabes quem sou, porque quando saà desta aldeia, decerto vivias no limbo da existência. Perdi o medo que nos tranca a vida nos castelos de mediocridade. Comi o pão que o diabo amassou. Com perseverança e trabalho enfrentei o destino que me colocou nesta terra, onde nem Judas quer viver, e venci. Hoje comando uma secção de uma grande indústria, mas não esqueço as minhas origens e quero ajudar os que querem ter futuro. Esforcei-me por seguir o raciocÃnio, mas perdi-me no labirinto daquelas estranhas palavras. Mais tarde, percebi que o senhor José Francisco falava mais para si do que para mim ou para a minha mãe. Quando terminou o discurso, olhou-me nos olhos e perguntou: – Queres ir para Lisboa? Tenho um amigo que é dono de uma mercearia e precisa de um marçano para fazer entregas aos clientes. Cama, comida e roupa lavada e a vida toda à tua frente. E a minha mãe: “vai Zé, que aqui não passarás da cepa tortaâ€.
Zé Ninguém - A minha vida não dava um romance
Uma boa prenda de Natal, em sentido lato.
À venda na Bertrand, FNAC, Wook, na loja e online. No Brasil Livraria Atlântico, Leitura, Blooks, entre outras.
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em: Dezembro 26, 2023, 02:28:01
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Iniciado por Maria Gabriela de Sá - Última mensagem por Maria Gabriela de Sá
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Vi nos teus olhos fome de Ser mais do que um indefectÃvel submisso A quanto não for proveniente da insubmissa natura, Vi fome da harmonia Do som e do solfejo Da palavra que nunca se te fez presente ao ouvido Na sinfonia maior, Senti no teu olfato insaciado o odor a Terra Fêmea criadora por concretizar, Soube dos teus beijos o sabor do sempre aquém O gosto parco Do que nunca se deu por inteiro ao usufruto, Soube No tato suave dos teus dedos De geografias insatisfeitas Procuradas em corpos inconclusos E sem pistas concludentes do verdadeiro Ser Soube Da tua razão emocional Da busca do Nirvana seja lá o que isso for E não sabendo eu nada de nada e tão pouco de ti Só sei Ou talvez saiba apenas Que tu apenas procuras e sempre procuraste só o Amor… Gabriela Sá
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